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27/09/10 | 09:02h (BSB)

Sem poupar o PT, petista diz que todos trabalham para derrotar Ana e Iran

"Foram montadas estratégias para derrotá-los de todos os lados, com muito suporte financeiro", diz Joel

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Joel: firme com Ana e Iran

Por Joedson Telles

 

Filiado ao Partido dos Trabalhadores, o professor e diretor de comunicação do Sintese, Joel Almeida, ex-presidente da entidade, revela nesta entrevista que concedeu a Universo Político.com que há um forte esquema financeiro para impedir as reeleições dos deputados petistas Ana Lúcia e Iran Barbosa. "Eles são os que sobreviveram desse grande mercado que virou a política partidária A ação dos dois em defesa dos trabalhadores incomoda os adversários políticos e setores do governo, pois eles se apresentam como aliados críticos", diz. Para Joel Almeida, foram montadas estratégias para derrotá-los de todas as partes e de todos os lados (leia-se adversários e o próprio PT). "Inclusive com muito suporte financeiro às candidaturas que poderiam tirar votos de Ana e Iran em áreas em que, culturalmente, eles são bem votados", denuncia. O petista bate ainda de frente com o discurso de campanha do candidato Marcelo Déda (PT), ao revelar que os professores enxergam o pagamento do piso salarial como uma mera obrigação legal.

 

 

Universo Político.com - A deputada estadual Ana Lúcia Menezes precisou usar a tribuna da Assembleia Legislativa para rechaçar a informação que o senhor estaria envolvido em outras campanhas, exceto a dela própria e a do deputado federal Iran Barbosa. Como o senhor acompanhou este episódio?
Joel Almeida -
Fiquei surpreso com o telefonema de um jornalista sergipano me perguntando sobre isso. Todos sabem da minha ligação com Ana Lúcia e Iran Barbosa, eles são meus amigos e companheiros de lutas e sonhos. Sou coordenador de campanha dos dois. Penso que é mais uma estratégia para prejudicar as campanhas eleitorais de ambos, sobretudo a de Ana Lúcia. Diversos segmentos da política sergipana têm interesse em uma derrota eleitoral de Ana e Iran. Eles são os que sobreviveram desse grande mercado que virou a política partidária. A ação dos dois em defesa dos trabalhadores incomoda os adversários políticos e setores do governo, pois eles se apresentam como aliados críticos.

 

U.P. - Isso pode ser visto como algo isolado ou o senhor percebe outras formas de as candidaturas de Ana e Iran serem afrontadas?
J.A. -
Não é algo isolado. Foram montadas estratégias para derrotá-los de todas as partes e de todos os lados, inclusive com muito suporte financeiro às candidaturas que poderiam tirar votos de Ana e Iran em áreas em que, culturalmente, eles são bem votados. Querem acabar com esse modelo de fazer política com militância nas ruas que vem desde o início do PT e que o nosso agrupamento continua adotando, isso nos diferencia, e, portanto, incomoda. Vamos vencer com os votos dos que ainda acreditam que tem gente que faz política com seriedade, ética, e compromisso com as causas sociais. Os trabalhadores continuarão com seus mandatos.

 

U.P. - No meio político, inclusive entre adversários, comenta-se que a reeleição de Ana Lúcia e de Iran Barbosa, não agradaria a todos dentro do PT. O que o senhor pensa sobre este juízo?

J.A. - As regras eleitorais são antropofágicas, você disputa vagas com seus partidários ou aliados, obviamente dentro do PT em determinados momentos isso é mais forte, por conta da existência de tendências internas, ou seja, há a luta interna e a externa, e, certamente, há o desejo de nos enfraquecer. Mas o partido é único. O inadmissível é quando o tratamento é desigual internamente, e quando se fortalecem dentro do PT candidaturas de fora do partido que todos duvidam que votem com o governador Déda ou com a (candidata) presidente Dilma. A imprensa fala a todo o momento da trairagem nessas eleições.

 

U.P. - O senhor acredita mesmo que o atual governo ainda atenderá o pleito histórico dos professores e implantará a gestão democrática nas escolas públicas?
J.A. -
O governador Déda está perdendo uma grande oportunidade de se diferenciar dos governadores que lhe antecederam nessa área e, sobretudo, nesse ponto. Nenhum governo que antecedeu Déda quis fazer gestão democrática por questões ideológicas. Essa é a pauta que o diferenciava, pois nos outros pontos tudo acabou sendo muito parecido. Os problemas da educação pública são imensos, e mesmo na pauta em que se avançou mais, que foi a da implementação do piso salarial profissional nacional, a categoria percebe isso como uma obrigação legal. Esperamos que, até o final do ano, o projeto de gestão democrática seja aprovado, foi uma promessa de campanha.

 

U.P. - Na prática, qual o maior benefício que a implantação da gestão democrática trará para estudantes e professores?
J.A. -
O primeiro, o de alterar a cultura da gestão das nossas escolas. A equipe diretiva teria apenas a preocupação de administrar bem as escolas, sem ter o incômodo do favor político a quem lhe indicou. Segundo, o de ampliar o debate com toda a comunidade escolar sobre o diagnóstico e a solução para os problemas de cada unidade escolar. A escola se apresenta hoje como algo isolado de tudo. Nós não conhecemos o seu entorno, o seu projeto pedagógico, o seu rendimento, a sua relação com a comunidade, a sua relação com os órgãos internos da SEED. O que é a escola? O que faz? O que deseja? São desafios que, com a adoção da gestão democrática, facilita o seu enfretamento.

 

U.P. - Em a gestão democrática não saindo do papel, o Sintese fará a chamada "meia culpa" frente os professores, já que, a exemplo de outros sindicatos, ajudou a eleger o atual governo?
J.A. -
Há uma confusão em sua pergunta. O Sintese é uma instituição que nunca deliberou em suas instâncias apoio a candidaturas políticas. Ninguém nunca viu uma bandeira do Sintese, nem um documento timbrado da entidade em atividade político-partidária. Os dirigentes do Sintese, como cidadãos, têm apoiado sim candidaturas. Eu sou filiado ao PT, e os professores sabem disso, pois nunca neguei minha filiação. Como filiado, votei em Marcelo Deda por entender que era o melhor nome para o posto que pleiteava. Nunca entendi que somente por votar em um candidato tudo mudará. A nossa categoria está acostumada a lutar, e essa será mais uma luta que sairemos vitoriosos. Portanto não há meia culpa, há muita luta.

 

U.P. - Nos últimos quatro anos, o Sintese foi chamado de pelego pela oposição e de anacrônico pelo governo. Críticas como essas são injustas ou refletem o momento, na sua ótica?
J.A. -
O crescimento do Sintese faz com que a gente se torne alvo de todos os lados, e isso é natural. A oposição ao governo queria que puséssemos fogo no Palácio e setores do governo nos queriam domesticados por conta de boa parte dos dirigentes estarem filiados ao PT. Para mim, o Sintese agiu de maneira acertada. A categoria deliberava a sua pauta, e íamos para a rua lutar por ela, fizemos grandes marchas, mantivemos a nossa progressão vertical, implantamos o piso salarial, e esse ano nas eleições para a direção do Sintese, o nosso grupo foi eleito com 95% dos votos. Agimos como os professores quiseram, e eles nos referendaram com uma votação expressiva. O resto é papo de político.

 

U.P. - O ex-governador João Alves Filho (DEM) criticou o atual governo por não ter construído sequer uma escola, durante o seu governo. O senhor assinaria embaixo dessa crítica ou a enxerga-a como retórica de quem almeja voltar ao poder?

J.A. - Veja só, há equívocos nesse debate sobre construção de escolas. Todos os dados estatísticos dão conta de que a matrícula vem caindo no Brasil e em Sergipe. Temos escolas com muitas turmas ociosas, algumas com turnos inteiros fechados. Talvez em um ou outro lugar haja a necessidade de construção de escolas no ensino fundamental ou médio, mas essa não é a nossa grande demanda nessas modalidades. Nós precisamos é melhorar a qualidade das escolas e do ensino. Estes, sim, são grandes desafios. Em termos de construção, a grande demanda se dá em creches e pré-escolas, que são responsabilidade dos municípios, mas sem um grande aporte de recursos do Governo Federal para isso, os municípios não terão recursos para atender essa grande demanda.

 

U.P. - A oposição tem razão quando diz que as escolas deveriam ser reformadas durante as férias, para não deixar alunos sem aulas?
J.A. -
É o cenário ideal. No entanto, isso só seria possível se tivéssemos, coisa que nunca existiu, uma política de reforma e manutenção continua das escolas. O que se vê em Sergipe são escolas que ficam abandonadas por cinco ou 10 anos sem reformas, e ficam em situação deplorável, precisando de grandes reformas, assim, a comunidade escolar perde, pois reformas estruturais não são feitas em dois meses. Mas há quem ganhe com isso, as grandes construtoras, pois é um importante filão para o enriquecimento e a negociação política. Vocês já repararam que as escolas privadas não fecham por tanto tempo? É que elas adotaram o sistema de manutenção das escolas desde sempre, ao contrário estariam falidas. Não é difícil, e é mais barato, basta vontade política e contrariar interesses. Estão aí os nós.

 

U.P. - Alunos do Colégio Estadual presidente Médici asseguram que o diretor, vestido numa camisa vermelha, entrega ‘santinhos' dos candidatos Marcelo Déda e Francisco Gualberto aos alunos dentro do colégio, inclusive contrariando alunos e professes que não votam nos candidatos. Em que isso contribui para uma educação de qualidade?

J.A. - Se isso ocorreu, é muito ruim para o processo democrático, e diz da urgência de termos a gestão democrática de ensino. A campanha política pode ser feita na área externa da escola por qualquer cidadão. Quando ocorre dentro da escola há extrapolação de limites, sobretudo se foi feito pelo diretor de escola. É preciso averiguar e coibir os abusos.

 

Da redação Universo Político.com



18-05-2024
 

 

 

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