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25/05/11 | 23:02h (BSB)

Sinpol avalia que o governo é conduzido de forma amadora e atrapalhada

Antônio Moraes diz ainda que não há planejamento, e que “os bajuladores” são atendidos

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Moraes: prevendo a volta da Operação Padrão

Por Joedson Telles

Apesar de o governador Marcelo Déda (PT) entrar para a história como o gestor que concedeu o maior aumento que a categoria policial civil já colocou no bolso, o fato de cumprir um acordo de 2008 e conceder, além dos 5,7% linear, mais 5% aos delegados de polícia, categoria que não teve aumento no primeiro ano do governo petista, foi a senha para o presidente do Sindicato dos policiais civis de Sergipe (Sinpol), o escrivão Antônio Moraes, tecer duras críticas ao modo petista de governar. "Isso contribui para a ineficiência da prestação do serviço público. Do ponto de vista gerencial, não é inteligente. Evidencia a forma amadora e atrapalhada com que se conduz a administração pública em Sergipe. Não há planejamento. Tudo se transforma num espetáculo midiático", afirmou. Sem descartar uma greve, Moraes ainda lembra, nesta entrevista que concede ao portal Universo Político.com, que pediu voto para o então candidato Marcelo Déda. Ele também estranha alguns pontos do processo. "É estranho que o diretor da Divisão de Inteligência (da Polícia Civil), o delegado Gilberto Guimarães, ou seja, um ocupante de um cargo de confiança, estava participando da mesa com o governador, pressionando-o a acatar os interesses egocêntricos da entidade associativa (Adepol). Ressalte-se que o "inteligente" diretor sequer faz parte da direção da associação. Que ‘segredo' pode ter sido descoberto para persuadir o governo?", indaga e deixa no ar. A entrevista:

 

Universo Político.com - Como o Sinpol recebeu a notícia dada pelo líder do governo, o deputado estadual Francisco Gualberto, que somente os delegados terão 5% a mais de aumento, totalizando 10,7% com os 5,7% linear?
Antônio Moraes -
Em 2008, o governo recompôs a remuneração da base da Polícia Civil. A base estava na indigência do serviço público estadual. Enquanto isso, os delegados vinham de sucessivos aumentos exponenciais nos 12 anos dos governos Albano Franco e João Alves. A categoria policial civil, representada pelo Sinpol, recebe essa notícia com tristeza. Não apenas pelo aumento diferenciado dos policiais civis delegados, mas também pelo governador ter preterido toda a categoria policial civil, ao fechar os olhos para os reclamos do sindicato. Integrantes de uma mesma categoria profissional não podem ser tratados diferenciadamente. Isso contribui para a ineficiência da prestação do serviço público. Do ponto de vista gerencial, não é inteligente. Evidencia a forma amadora e atrapalhada com que se conduz a administração pública em Sergipe. Não há planejamento. Tudo se transforma num espetáculo midiático. Outra coisa interessante são esses percentuais de aumento. O governo quer que os trabalhadores acreditem pura e simplesmente que o caixa do Estado está vazio. Deve querer também que acreditemos em Papai Noel, Mula-sem-cabeça, Saci Pererê etc. Em nenhum momento, o governo colocou a realidade fiscal do Estado abertamente para ser tratada com as centrais sindicais ou com os sindicatos. Mais parece uma Caixa Preta. Como não há dinheiro para melhorar a vida dos servidores públicos, mas há para acomodar os neo-aliados, criando secretarias de araque e proliferando cargos em comissão? E não há um inquérito civil público instaurado para apurar isso. E olhe que não é preciso provocar o Ministério Público que pode atuar de ofício.

 

U.P.- Há algo estranho em todo este processo?
A.M. -
Óbvio. Estranho que o governo do Estado não reconheceu a legitimidade das associações dos policiais militares e do sindicato dos servidores do Detran, neste caso, inclusive tendo ingressado com ação judicial que declarou ilegal a greve recentemente deflagrada, e abraçar a associação dos policiais civis delegados com trocas de afagos. Por que será? Estranho é saber que o diretor da divisão de inteligência, o delegado Gilberto Guimarães, ou seja, ocupante de um cargo de confiança, estava participando da mesa com o governador, pressionando-o a acatar os interesses egocêntricos da entidade associativa (Adepol). Ressalte-se que o "inteligente" diretor sequer faz parte da direção da associação. Que ‘segredo' pode ter sido descoberto para persuadir o governo? Mais estranho ainda é saber que o advogado que defende os interesses corporativos de uma associação de servidores públicos (delegados) - Adepol - é o procurador de Estado Evânio Moura. O mesmo advogado de um dos presos e já denunciados da Operação Arremate, marido de uma procuradora de Estado (que não deve ter percebido o meteórico aumento patrimonial do esforçado marido). Evânio Moura, na condição de procurador de Estado, fez um parecer, que foi juntado ao pedido de registro sindical no Ministério do Trabalho, afirmando que certo sindicato de delegados seria a entidade representativa desses policiais civis. Um procurador de Estado atuar como advogado de interesses de uma entidade de servidores públicos, é, no mínimo, antiético, e imoral, do ponto de vista técnico. A lei orgânica da PGE não autoriza essa prática. Essas relações "institucionais" precisam ser melhor explicadas à sociedade.

 

U.P. - Isso tudo pode gerar uma revolta nos demais policiais?
A.M.-
Revolta não, mas sim uma forte decepção. Sempre afirmamos que seríamos gratos ao político Marcelo Déda por reduzir o abismo salarial que havia entre os integrantes da Polícia Civil. Gratidão é um sentimento de mão dupla. Fizemos a nossa parte, reconhecemos o gesto do governador e fomos seus cabos eleitorais, sem cobrarmos "pedágio" (prática comum das ‘lideranças'). Fui até processado pelo Ministério Público Eleitoral, que foi provocado pelo delegado para todos os policiais civis pedindo que votassem no "time da polícia civil", encabeçado pelo então candidato à reeleição Marcelo Deda. Esperávamos que o reeleito governador nos ouvisse e nos respeitasse enquanto entidade sindical, legítima representante da categoria policial civil. Nunca quisemos impor as nossas idéias, apenas queríamos ter a oportunidade de defendê-las. O cristal trincou.

 

U.P. - O Sinpol tentará voltar a conversar com o governador Marcelo Deda?
A.M.
- Sempre. Dialogar é o que mais fazemos e queremos. Basta termos oportunidade. Infelizmente, Déda repete o erro de seus antecessores: atendem aos "amiguinhos do Poder", aos bajuladores. É bom lembrar que, também por conta disso, Albano e João Alves estão ambos sem mandatos e em partidos verdadeiramente partidos, local e nacionalmente. A velha máxima de que voto de servidor público tem pouca ou nenhuma importância é um equivoco. Servidores Públicos organizados em sindicatos são sim fortes formadores de opinião. E isso, mesmo em tempos de compra de votos no atacado e no varejo, conta sim e muito.

 

U.P. - Pelo clima, uma greve branca deve ser colocada em prática. E uma greve geral está descartada?

A.M. - Em sendo aprovado o projeto, sem a inclusão dos demais policiais civis, com certeza voltará, com toda força, a Operação Padrão, mais madura e mais coesa. Paralisações localizadas e relâmpagos em delegacia de todo o Estado. Tudo de forma paulatina e didática de modo a esclarecer à população quem é o verdadeiro culpado pelo caos que se instaurará na Segurança Pública sergipana.

Da redação Universo Político.com

Comentários dos internautas

26/05/11 - JORGE ALUÍSIO JR

Os policiais civis tiveram o estratosférico ganho salarial, desde o começo do governo Déda, de expressivos 180%. Isto os alçou ao segundo melhor salário do Brasil, somente ficando atrás do DF. Já os delegados de policia, estão tendo somente agora direito ao reajuste linear que lhes fora sonegado em 2008. O direito a reajuste linear corresponde a um direito a alimentos. Acaso o governo não repusesse essas perdas, seriam facilmente conseguidas na Justiça. Hoje há vários delegados em Sergipe ganhando menos que vários agentes de policia. Os delegados de Sergipe ostentam hoje a condição de sétimo pior salário do Brasil. O que ocorre é que a campanha publicitária capitaneada por Antônimo de Moral fez crer à sociedade que se tratava de servidores bem aquinhoados. Falácia. Espero sinceramente que Antônimo de Moral seja mais feliz nos próximos concursos para delegado a que se submeter. Só isto irá curá-lo dessa ciumeira bizarra.

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