Por Raissa Cruz
Embora diante das recentes rebeliões em delegacias e de reivindicações insistentes dos policiais, o secretário de Segurança Pública do Estado de Sergipe, Mendonça Prado, em entrevista ao portal NaPolítica, se mostrou tranquilo: “nós não temos nenhuma dificuldade na SSP. O grande problema é a grande quantidade de pessoas que se envolvem no crime”, disse ele. Mendonça sustenta que em Sergipe “não temos nenhum problema de tortura nas delegacias”, e considera que “nossa polícia é constituída de excelentes profissionais”. O secretário acredita na evolução da segurança com a transferência dos detentos das delegacias para os presídios, e comenta sobre as reivindicações dos delegados e policiais civis. “Não há obstáculos, recebemos todas as reivindicações e serão apreciadas no futuro”, diz ele. Veja mais:
Sobre o lançamento do sinal de comunicação digital da SSP, como atuará na segurança do estado?
O serviço de rádio comunicação digital permite que as forças de segurança do Estado de Sergipe firmem a era da tecnologia. Todo o estado será beneficiado com a abrangência desse sistema. Você tem, por exemplo, o sistema de telefonia móvel que você não consegue se localizar em todas as localidades, mas a rádio comunicação da Segurança Pública proporcionará os agentes de segurança fazer uso do sistema em qualquer ponto do estado. O sistema vai transmitir dado, voz, vídeos, ou seja, é um sistema ultramoderno de tecnologia avançada e será importante para otimizar as ações das policias.
Esse sistema ainda não serve às cidades como um monitoramento de vídeo...
Não. É rádio comunicação digital não é vídeo monitoramento ainda. Esse sistema é para a Polícia Militar e seus integrantes se comunicarem entre se. Mas será expandido para o Corpo de Bombeiros, perícia e Polícia Civil, e cogitamos ampliar para monitoramento por vídeo.
Como a SSP tem lidado com essas constantes rebeliões nas delegacias, e a transferência dos presos aos presídios, mesmo já em superlotação, está resolvendo o problema?
Temos lidado com tranquilidade, porque nós tínhamos um obstáculo do sistema prisional em razão de uma interdição feita por um juiz, mas com o recurso interposto pela Procuradoria do Estado, o Tribunal de Justiça desobstruiu o sistema prisional e vamos ter o encaminhamento dos presos que estão em delegacia para presídios. Não há nenhum problema na segurança pública quanto a isso, o que havia era uma interdição da justiça que agora foi desobstruído por decisão do Tribunal fazendo com o sistema prisional recepcione os presos de delegacias. O que houve foi um fim de um período que sempre queríamos concluir e foi concluído agora.
Sobre essa questão do sistema prisional e a superlotação nos presídios, em recente declaração a imprensa, o delegado Antônio Moraes comentou que parece que a SSP não quer incomodar a SEJUC (Secretaria de Justiça) e vice-versa, isso citando a necessidade de medidas mais eficazes para o sistema... É realmente isso secretário? E o sistema que temos hoje no Estado tem sido suficiente para dar conta do volume de presos?
Quanto às declarações não faço avaliações de quem quer que seja. O que tenho a dizer é que a SEJUC tem realizado um trabalho visando à construção de novos estabelecimentos penais. Teremos um em Estância, o de Areia Branca será ampliado e o regime semiaberto será reativado. O que observamos é uma organização do sistema penitenciário e, logicamente, reestruturação da Segurança Pública. A organização dos dois sistemas terá muitas melhoras para segurança do estado de Sergipe.
A visita da ONU aos presídios sergipanos serviu como alerta para a SSP quanto às suspeitas de maus-tratos aos presos, ou já era previsível?
Nós estamos prontos para receber qualquer visita seja nacional ou internacional. Os nossos policiais trabalham sempre preservando a dignidade humana. Nós não temos nenhum problema de tortura nas delegacias. Os nossos presos são tratados da melhor maneira possível. A questão do espaço limitado nas delegacias não significa dizer que há um tratamento indigno. Recebemos com muita tranquilidade a ONU e eles foram atendidos em seus questionamentos. Não há nenhuma ilegalidade da secretaria, e nossa polícia é humana, moderna e constituída de excelentes profissionais.
O secretário concorda com as declarações feitas pela OAB de que a greve dos policiais e delegados de Sergipe estaria causando preocupação ou prejuízo para segurança, e que a greve estaria maculando os direitos dos presos que estavam custodiados em delegacias?
Não tivemos nenhum prejuízo, as coisas transcorrem normalmente e tudo que ocorreu foi decidido pelo Judiciário. Nós tínhamos uma interdição judicial, mas o que o Tribunal ao analisar o recurso percebeu que o Poder Executivo de Sergipe tinha razão e fundamento jurídico, e que é melhor que o preso esteja no sistema prisional que é mais amplo.
Quanto às reivindicações dos policiais e delegados, há alguma previsão do governo em atender?
Os delegados, os agentes e os demais integrantes da SSP da PM, Bombeiros e perícia são todos parceiros da Administração. Tudo o que puder ser feito será. Nós queremos que eles progridam na carreira e sejam valorizados até porque eles foram submetidos a concursos públicos, e tiveram um grau de exigência elevado, portanto deve ter uma atenção dos gestores públicos. Todas as vezes que o Estado tiver as condições e oportunidades para atendê-los isso será feito. Não há obstáculos, recebemos todas as reivindicações que são apresentadas e serão apreciadas no futuro. Eu estou inclusive com um panfleto dos policiais civis aqui, e uma das coisas que eles reivindicam é um aumento no número de policiais, o governo já fez concurso e iniciaremos agora o curso de formação de novos policiais e mais escrivãs. Eles falam da superlotação das delegacias... Com a decisão do Judiciário para transferência dos presos, nós vamos praticamente esvaziar todas as delegacias. Todas as reivindicações postas estão sendo na medida do possível atendidas, e é isso que nós queremos. Atender as reivindicações dos nossos profissionais e da população de Sergipe.
Para finalizar, qual tem sido a maior dificuldade que a SSP enfrenta hoje para amenizar os índices de criminalidade que põe em xeque a segurança pública em Sergipe? Seria o número de efetivo, as condições para melhorias salariais das polícias, equipamentos... O que?
Nós não temos nenhuma dificuldade na SSP. O grande problema é a grande quantidade de pessoas que se envolvem no crime, e isso não cabe a SSP. Quem forma o criminoso não é a segurança pública. A SSP atua quando alguém pratica crime. O que gostaríamos é que houvesse uma consciência maior e que pudéssemos educar melhor as nossas crianças, impedindo que elas ingressem nas drogas e criminalidade. O que eu queria é que ninguém praticasse crime porque iriamos zerar as demandas da segurança pública. Aqui, efetivamente, nós não temos nenhum problema, nós somos chamados para apresentar soluções. Mas o problema não nasce aqui, que é um local que só surgem soluções para os problemas que nascem na sociedade.
Da redação NaPolítica
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