O governador e candidato à reeleição Marcelo Déda (PT) foi sabatinado durante duas horas na noite dessa segunda-feira, 13, no Auditório do Senac, pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe (Fecomércio), e por jornalistas e empresários convidados, abrindo a primeira rodada de entrevista com os postulantes ao Governo do Estado em melhor colocação nas pesquisas e com representação no Congresso Nacional.

As datas foram escolhidas através de sorteio realizado na presença de representantes das respectivas coordenações da campanha de cada candidato. De acordo com as regras para as entrevistas, o governador respondeu a seis perguntas elaboradas pela Fecomércio, duas para cada um dos 12 jornalistas convidados e cinco perguntas para sorteio entre os 30 empresários e presidentes de entidades de classe.

Abrindo a série de perguntas elaboradas pela Fecomércio sobre as políticas estratégicas para alavancar a economia sergipana, Marcelo Déda respondeu afirmando que o Brasil nunca cresceu tanto e que ao mesmo tempo compartilha suas riquezas com o povo.

"Estamos no melhor momento e não podemos perder essa oportunidade de crescimento do país. A grande meta do nosso governo agora e para o futuro é preparar Sergipe para não perder esse trem da história. Nesse sentindo, investiremos na infraestrutura e expansão do ensino profissionalizante. Daremos um novo patamar para política tributária e política de estímulo ao micro e pequeno empresário. Esses são alguns dos pilares que planejamos", explicou Déda.

Indagado pelo jornalista Raimundo Brito, do jornal Correio de Sergipe, sobre as intervenções do Ministério Público Estadual (MPE) na maternidade Nossa Senhora de Lourdes, Déda foi taxativo.

"No caso específico da maternidade, Raimundo, foram desaparecidos R$ 3,5 milhões sem notas fiscais de um convênio que o governo anterior tinha feito com uma ONG chamada Organização Mundial da Família. Eu quero colocar à sua disposição os documentos do MPE mostrando a inadequação das obras, inclusive com infiltrações de água no centro cirúrgico. Nós provocamos a vinda do MPE porque descobrimos esses documentos nas prestações de contas. Recebi um hospital incompleto, não tinha maca, lençol, agulha, só tinha o prédio. Então, as medidas do MPE existiram, até porque o MPE tem o dever de fazer isso. Tivemos graves problemas detectados, oficializados, fotografados, com ata, frutos da herança que recebi", rechaçou Déda.

Educação

A Fecomércio quis saber do governador os projetos de investimento na educação. "O foco que teremos é a qualidade. "Isso significa professores bem remunerados para terem estímulos de ensinar, qualificados para oferecer ensino atualizado e investimentos em laboratórios. Na recuperação da rede física temos 80 escolas em reformas, num investimento de R$ 40 milhões. Estamos fortalecendo o ensino profissionalizante e inserindo o jovem na universidade com a ampliação de vagas. Antes de Lula, tínhamos um campus universitário, hoje temos em Itabaiana, Laranjeiras e Lagarto, este último, foram investidos R$ 60 milhões no campus da saúde, isso vai criar condições para que a educação de Sergipe tenha mais qualidade", enumerou ele.

Saúde

No quesito saúde, o radialista Jairo Alves, da Rádio Cultura, perguntou ao governador se o sistema de interiorização da saúde vai mesmo desafogar o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse). Déda afirmou com veemência que dará certo, e relembrou que no início de sua gestão encontrou este setor sucateado.

"Quando cheguei ao Governo, encontrei 10 hospitais fechados, reabertos nas vésperas das eleições e terceirizados. Tínhamos duas opções: uma política de maquiagem, como estava acontecendo, ou uma política séria, de enfrentamento, representando construir uma rede de saúde. Investimos R$ 300 milhões na reconstrução de sua rede física, a exemplo de 102 clínicas em todo o Estado, além de hospitais", observou o petista.

Todos os problemas do Huse, segundo Déda, são decorrentes da inexistência de uma rede de saúde interiorizada. "Estamos fazendo isso hoje com dois hospitais regionais e a reforma e ampliação de mais 12. Já estão inaugurados os hospitais de Simão Dias, Boquim, Poço Redondo, Porto da Folha. Lagarto receberá 10 leitos e quero dizer que eu estou inaugurando os 10 primeiros leitos de UTI, no interior, na história de Sergipe. Quando tudo isso estiver implantado e funcionando plenamente, teremos redução das demandas. Já entreguei, inclusive, o projeto do Hospital do Câncer, que será construído separado do Huse, e estruturamos o Samu", explicou Déda.

Usina nuclear

Sobre a implantação de uma usina nuclear no Estado, o jornalista Ivan Valença, do Jornal da Cidade, perguntou se Déda vai fazer um plebiscito para aprovação deste grande projeto.

"A energia nuclear é uma energia de riscos reduzidos. Ela é politicamente correta, porque não agrava o efeito de aquecimento do planeta, pois não produz CO2. Há debates e há dúvidas. Eu tinha uma posição contrária há 20 anos. Eu não posso negar que é um tema que precisa ser discutido. Como governador, eu cometeria um crime contra o Estado se fechasse as portas para debater um investimento de R$ 8 bilhões de dólares e que vai gerar 15 mil empregos na construção e 1.500 permanentes, sem falar os indiretos. Não posso dizer, por preconceito, que não quero a usina nuclear, mas não acho correto que apenas pelo meu auto-convencimento, traga um investimento desse porte sem debater com a sociedade. A forma de plebiscito é a decisão democrática", explicou o governador.

Segundo mandato

Ele disse ainda que o seu segundo mandato será dividido nos eixos: Segurança Pública, com modernização da perícia e ampliação de efetivo das polícias Civil e Militar; Educação, com a implantação do ensino profissionalizando e construção de mais escolas técnicas; ampliação da capacidade de Fiscalização e consolidação de um novo modelo que reduza a carga tributária sem prejudicar a arrecadação e investimentos públicos, além de interiorizar a Rede Hospitalar e, nos próximos quatro anos, transformar a malha rodoviária sergipana na melhor do Brasil.

"No turismo, com as pontes Joel Silveira (já concluída) e Jorge Amado (em construção), vamos interligar ainda mais o litoral Sul com a Bahia, atraindo turistas com a Copa do Mundo de 2014. Há ainda um projeto futuro de construir mais uma ponte ligando Sergipe a Alagoas. Essa segunda geração vai consolidar as conquistas e agregar novos investimentos", destacou o petista.

Oposição

A jornalista Rita Oliveira, do Jornal Do Dia, perguntou como o candidato petista avalia as críticas da oposição, que alimenta o discurso de 'governo sem obras'.

"O papel da oposição é criticar o governo. Mas o grande dilema deles é dizer que o meu governo não tem obras, ela o resolveu negar esse fato. A nossa oposição não é mais uma mocinha que saiu de casa hoje, eles são um grupo que estão no poder há décadas. Eu tenho um novo estilo de governar, fiz isso na Prefeitura e estou fazendo agora. João é liderança do século 20, o tempo dele já passou. Quando eu vejo ele falar do Platô de Neópolis, que ele implantou e não deu certo, eu percebo que ele ainda está com a cabeça no passado", salientou Déda.

Considerações finais

O governador agradeceu a iniciativa da Fecomércio por realizar a sabatina. "Falamos de saúde, educação, segurança, entre outros. Onde os empresários e a imprensa puderam perguntar e eu busquei responder dentro das minhas possibilidades. Tenho a gratidão com o povo de Sergipe, não para ficar com bandeira pendurada no carro ou ver a segunda foto de governado no Palácio Museu Olímpio Campos. Eu quero continuar porque tenho muitas obras a serem realizadas, pois não podemos resolver os problemas do futuro com os olhos no passado", concluiu o governador, que esteve acompanhado do coordenador geral da campanha e vice-prefeito de Aracaju, Silvio Santos, e pelos assessores Jorge Santana e Jorge Lacerda.

Da assessoria do cadidato Marcelo Déda