Na Política

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05/02/13 | 11:15h (BSB)

Mas é Carnaval... Bloco feminista pede passagem

*Por Bárbara Nascimento

 

Chegou fevereiro e o povo já se prepara pro carnaval, escolhe os blocos para acompanhar, se organiza pra curtir os dias de folias em cidades com tradição carnavalesca. Peço licença para meter o dedo na ferida, pois cerveja e folia não são desculpas para assédio e violência. Infelizmente a festa mais popular do país amarga um quadro de denúncias e agressões contra as mulheres e outros grupos enquadrados como vulneráveis, a exemplo do LGBT.

 

De acordo com o Observatório da Discriminação Racial, violência contra Mulher e LGBT 2012 (organizado pela Secretaria Municipal da Reparação de Salvador) aponta o crescimento da violência racista e sexista. Os postos de atendimento contabilizaram 459 casos de racismo, sexismo e homofobia durante o carnaval, ultrapassando a edição anterior, que registrou 350 casos.

 

As ações machistas foram responsáveis por 153 casos de agressão às mulheres durante a festa na capital baiana. O carnaval é festa libertária, desejada por mulheres e homens, momento em que se esquece dos problemas, das contas a pagar. Muitos ousam dizer que o ano novo só começa de fato depois que as ruas e avenidas perdem o colorido da festa e voltam a ser ocupadas pelo caos do trânsito. Infelizmente o carnaval não está imune da cultura machista submersa em nossa sociedade. Aliás, talvez seja o período que traga dados e relatos mais alarmantes de violência.

 

Os machistas-foliões, forjados na ideia de virilidade e propriedade sobre o corpo da mulher, não aceitam ouvir um não. Acham-se no direito de ‘pegar’ um beijo a força, de apalpar quem passa pela frente. E em conjunto com os seus pares, riem e se vangloriam da bestilidade refletida em seus atos, num culto ao machismo que causa asco a qualquer mulher ou , antes disso, pessoas sensíveis e que respeitam o direito de ir e vir dos outros e das outras.

 

A violência machista não se resume a ‘brincadeiras’. Durante o carnaval não são poucas as denúncias de abuso sexual e estupro. Nos festejos do ano passado, o plantão do Núcleo Especializado de Acompanhamento de Prisões em Flagrante Delito e Inquéritos Policiais, da Defensoria Pública do Estado de Sergipe, registrou 50 casos de violência contra a mulher entre os dias 18 e 22 de fevereiro.

 

Vale lembrar ainda do caso de abuso policial motivado por homofobia registrado na última edição do carnaval (http://edosemesmo.blogspot.com.br/2012_02_01_archive.html), quando um casal de lésbicas denunciou uma diligência policial por agressão. As companheiras curtiam a festa acompanhando o bloco Rasgadinho e foram abordadas de forma violenta por trocarem beijos. A homofobia também é um preconceito de fundamentação machista.

 

É cruel constatar que o carnaval ainda não é uma festa para todx@s, mas não podemos é silenciar. Refletir sobre a cultura do machismo e os entraves de um preconceito secular é tarefa não apenas dos dias comuns. O carnaval 2012 foi marcado por sucessivas agressões contra mulheres, isso ressalta a necessidade de elaboração de políticas públicas de proteção, intensificando as campanhas de respeito ao gênero e à orientação sexual das pessoas.

 

Em períodos como o carnavalesco não só o corpo está mais liberto. Violência e preconceito também tomam as ruas, por isso nossa campanha é permanente. O que desejamos, além de ‘chuva, suor e cerveja’ é ‘que nada nos defina, que nada nos sujeite, que a liberdade seja nossa própria substância’. Tornamos a dizer: amor de carnaval tem que ser sem violência.

 

Jornalista, militante do Partido Socialismo e Liberdade, integrante do Setorial de Mulheres do PSOL.

 

*Material enviado pelo internauta. De única responsabilidade do autor. 



26-04-2024
 

 

 

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