Na Política

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03/05/15 | 17:11h (BSB)

Perseguição na UFS: me deixem estudar em paz!

*Por Alexis Azevedo de Jesus

Escrevo este texto com muita tristeza e indignação. Escrevo para tornar público o que se passa comigo na tentativa de estudar o curso de mestrado em Educação na UFS. Pensei muito antes de fazer essa declaração, mas não vejo mais outra saída, tanto para que me sinta melhor, como para que toda a universidade e a sociedade sergipana saiba o que acontece no interior da UFS, que muitos dizem ser um ambiente democrático, quando na verdade não passa de mais uma instituição conservadora.

 

Fui aprovado no mestrado em educação por média, mas não por orientador. As vagas já tinham sido completadas para a professora Solange Lacks. Fiquei então em primeiro excedente geral. Houve uma desistência na matrícula e uma vaga foi aberta. Foi convocada uma estudante que não havia feito todas as etapas e não tinha nota final registrada na seleção. Questionei no interior da UFS que essa vaga aberta por uma desistência deveria ser minha, por ter cumprido todas as etapas e não pela outra colega. A UFS manteve a posição de não fazer a minha convocação e decidi dar entrada em um mandado de segurança na justiça federal, no qual fui vitorioso e a UFS obrigada a me matricular por decisão judicial. Só este processo me rendeu três meses de angústia na espera sobre o meu futuro, além de despesas com advogado.

 

Desta decisão, em março de 2014, até os dias de hoje temos pouco mais de um ano. Nesse período cursei todas as disciplinas do mestrado, obrigatórias e optativas, sendo aprovado com nota máxima em todas. Estou com a qualificação pré-agendada para o final de julho. Ademais, como sempre tive uma militância política em defesa da educação e da universidade pública, me coloquei a disposição dos estudantes da pós-graduação e hoje faço parte do CONEPE - Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFS como representante dos estudantes do mestrado e doutorado da UFS.

 

Contudo, a UFS não desistiu de tentar retirar a minha vaga. Vem recorrendo sistematicamente na justiça para que, mesmo depois de um ano, eu seja desligado da universidade e perca meu direito de concluir o mestrado em Educação. Já foram três derrotas judiciais por parte da universidade e a reafirmação do meu direito. Por ocasião desses sucessivos recursos, na reunião de março do CONEPE, enquanto estudante e conselheiro, fiz um apelo à reitoria para que esse processo seja extinto, que a despeito de a procuradoria ter o dever legal de recorrer dos processos em que a UFS é parte, não há sentido algum em que esta demanda se arraste. A universidade tem, com certeza, questões muito mais urgentes e importantes a resolver por meio de sua procuradoria. Na oportunidade o silêncio se fez presente e não houve nenhum comentário por parte da reitoria e dos conselheiros e conselheiras presentes, pró-reitores, chefes de centro, etc.

 

Na semana passada, demonstrando que está mesmo disposta a retirar o meu direito a cursar o mestrado, a UFS recorreu para o STJ em Brasília. Essa postura, mesmo após o apelo que fiz na reunião do CONEPE, para mim significa uma perseguição política declarada. Entendo isso dentro da minha trajetória na universidade, que começou no colégio de Aplicação em 1997, passando pela graduação em Direito até esse momento. Recupero para ilustrar esse contexto que no ano de 2007 fui indiciado junto com mais três estudantes na Polícia Federal. A administração de Josué e Ângelo (atual reitor) entendeu que nós estudantes éramos criminosos por fazermos enfrentamentos quanto a política de expansão sucateada do governo federal e da universidade. O inquérito terminou arquivado pela mobilização dos estudantes. Nunca falei publicamente sobre esse caso da polícia federal, mas acho válido trazê-lo para que não pairem dúvidas sobre como tem sido difícil estudar na UFS todos esses anos e para que se perceba que o processo atual não é um caso isolado.

 

Hoje, mesmo tendo vencido em todas as instâncias judiciais até o momento, estou com uma grande angústia no momento de escrita da dissertação, uma incerteza quanto ao meu futuro e os gastos financeiros que continuam. Agradeço imensamente o apoio da minha orientadora, professora Solange Lacks, do grupo de pesquisa GEPEL/Rede LEPEL e dos colegas de turma. Espero contar com o apoio de todos e todas, entidades, movimentos, a imprensa independente, para que a UFS seja amplamente denunciada pelo seu autoritarismo e pela perseguição que vem realizando contra o meu direito a estudar o mestrado em Educação e clamo para que esse processo seja extinto e a instituição se pronuncie publicamente com, no mínimo, um pedido de desculpas.

 

Aracaju, 28 de abril de 2015. Alexis Azevedo de Jesus (Pedrão) - estudante do Mestrado em Educação e Conselheiro do CONEPE/UFS -alexismagnum@gmail.com



19-03-2024
 

 

 

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