Na Política

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19/10/12 | 14:04h (BSB)

Ayres Britto não delira, a Justiça é que se impõe

 

Causou enorme desconforto entre os petistas e seus bajuladores travestidos de jornalistas uma frase pronunciada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Carlos Ayres Britto, quando da leitura do seu voto que condenou por corrupção ativa os mensaleiros José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares, a trinca que tentou fazer da “res publica” uma Cosa Nostra, desviando rios de dinheiro dos cofres públicos para comprar apoio parlamentar, nos exatos termos da denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal e do brilhante voto do Relator da Ação Penal 470, ministro Joaquim Barbosa. 

 

As viúvas do lulopetismo estão irresignadas com o resultado do julgamento e profundamente irritadas com o Supremo, por isso tentam, a todo custo, não só pôr na berlinda a atuação do Pretório Excelso, a quem acusam de ter se convertido em um “tribunal de exceção”, como assacam contra a honra dos seus membros, em particular de Carlos Ayres Britto, que ao chamar as coisas pelo seu verdadeiro nome, não tergiversou, definindo magistralmente a trama urdida pelo PT em uma só palavra: “golpe”.

 

Segundo Britto, “Um projeto de poder foi arquitetado, que vai muito além de um quadriênio quadruplicado. É continuísmo governamental. Golpe, portanto, nesse conteúdo da democracia, que é o republicanismo, que postula renovação de quadros de dirigentes.”

 

Alguns beócios chegaram ao disparate de questionar o ministro pelo fato de ele não ter renunciado ao cargo, já que, indicado pelo ex-presidente Lula, estaria sendo contraditório ou, no mínimo, condescendente com o golpe. Santa paciência! Para uma anta dessas só mesmo rogando a proteção de São Francisco de Assis, que é, segundo os católicos, o santo protetor dos animais (São Lázaro é protetor dos cachorros, ao passo que Santo Antão é protetor dos animais domésticos, portanto, diferente do que sugere o nome, nada tem a ver com antas, ainda que algumas já estejam domesticadas e recebendo até mensalinhos).

 

Mas as maiores patadas da semana vieram mesmo do jornalista Paulo Moreira Leite, colunista de Época. Ele escreveu dois artigos, “O golpe imaginário de Carlos Britto” e o “Distorcido efeito eleitoral dos mensalões”. É um tanto indigesto lê-los quanto contestá-los. Mas não tem jeito. São ossos do ofício.

 

Ambos não passam de acanhado desagravo aos companheiros condenados, que, para a felicidade do país, estão aguardando apenas a dosimetria das penas e, tão logo transitado em julgado o processo, o passaporte para as respectivas unidades prisionais. Os textos de Paulo Moreira Leite estão aí na web, logo, não vou perder tempo reproduzindo-os na íntegra, muito menos aborrecer os prezados leitores com tantas sandices e bobagens apresentadas de maneira pomposa.

 

A bem da verdade, não é preciso ser doutor em Direito Penal ou em Direito Processual Penal para deduzir, com certa facilidade, que os sofríveis artigos de Paulo Moreira Leite não passam de uma bobinha repercussão do “jus sperniandi” manifestado pelos réus, sejam os condenados, sejam os absolvidos, como o tal Professor Luizinho, que nem esperou a poeira baixar para iniciar seus ataques contra o STF.

 

Aperreios à parte, a vigarice intelectual do citado colunista está em tentar inverter os valores da situação em exame, transformando os defensores da democracia em golpistas e os golpistas em pobres vítimas do sistema "reacionário" e "elitista". Assim, sem nenhum senso de ridículo, advoga que Carlos Ayres Britto, ao denunciar um “golpe imaginário”, agiu de modo a promover uma “ruptura institucional”.

 

Com o cérebro em colapso, o tal colunista faz uma digressão que por pouco não atinge Adão e Eva. Volta ao golpe militar de 1964, passa pela deposição de Manoel Zelaya - defendendo o presidente maluco, bigodudo e chapeludo que atentara contra a democracia hondurenha -, enaltece Lula ao argumento de que o ex-presidente poderia ter ido às ruas defender um terceiro mandato, mas preferiu recolher-se ao seu apartamento em São Bernardo, isso a despeito de ter “uma história maior do que qualquer outro político brasileiro... Essa é a verdade. Temos um ex grande demais para o papel. Isso porque o PT quer extrair dele o que puder de prestígio e popularidade. A oposição quer o contrário. Sabe que sua herança é um obstáculo imenso aos planos de retorno ao poder.”  

 

Após incensar Lula - o maior estadista depois de Júlio César -, o colunista de Época e candidato ao título de Maquiavel do século 21 passa a apelar de forma tanto mais cínica quanto mais patética, fazendo comparações ridículas, forçadas e estúpidas entre o momento atual – de fortalecimento das instituições republicanas e amadurecimento da democracia - e a crise que culminou no suicídio de Vargas. Diz ele:

 

“Em 1954, no processo que levou ao suicídio de Getúlio Vargas, também se falou em golpe. Com apoio de uma imprensa radicalizada, em campanhas moralistas e denúncias – muitas vezes sem prova – contra o governo, dizia-se que Vargas pretendia permanecer no posto, num golpe continuísta, com apoio do ‘movimento de massas.” É ou não é, prezado leitor, caso de internação? Parafraseando Raul Seixas, quando acabar o maluco é... Ayres Britto.

 

Em outras palavras, Paulo Moreira Leite acusa Ayres Britto, o STF e parte da imprensa de golpismo, ou lacerdismo, para usar uma expressão consagrada à época de Vargas, alusiva ao seu ferrenho opositor Carlos Lacerda. Assim, se der na telha do ex-presidente Lula sair da vida para entrar na história, seja se jogando na frente do trem-bala fantasma, seja se afogando nos canais imaginários que estão levando milhões de litros de água do São Francisco para o Nordeste Setentrional, já se sabe de quem é a culpa.

 

Há, por outro lado, um monte de asneiras apregoadas em relação ao direito de um segundo julgamento dos mensaleiros pela Corte Interamericana. Sobre isso, já discorri no artigo “As hordas petistas tentam sitiar o STF”, no qual tive a oportunidade de contestar Luiz Flávio Gomes, que não é lá uma brastemp jurídica, mas tem seguramente dois pares de neurônios a mais do que Paulo Moreira Leite.

 

Mas, como sempre, a melhor parte fica para o final. Paulo Moreira Leite, o rei da sabujice, a fim de emprestar seriedade a seus argumentos toscos e superficiais, cita ninguém menos que o magnânimo Jânio de Freitas. Aí já é piada. De mau gosto, evidentemente. Se for assim, arrivista como sou, para não ficar por baixo doravante vou me valer da cátedra de Tirica e do Palhaço Soneca – este último meu conterrâneo e suplente de vereador em Aracaju. E que ninguém, muito menos Paulo Moreira Leite, em razão desse ato patriota, me acuse de golpista!

 

 

  

 

 

PAULO MÁRCIO é Delegado de Polícia Civil desde 2001. Especialista em Gestão Estratégica em Segurança Pública (UFS) e em Direito Penal e Direito Processual Penal (Fase).  Foi Presidente do Sindepol-SE, Superintendente de Polícia Civil de Sergipe, Corregedor Geral de Polícia Civil. Atualmente é titular da 10ª Delegacia Metropolitana.

É colunista do portal Universo Político.com

 

E-mail: paulomarcioramos@oi.com.br  Blog paulomarcioramos.blogspot.com.br

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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