Na Política

Biblia Online

30/05/11 | 07:24h (BSB)

Intrigas paloccianas

A idoneidade do ministro Antônio Palocci foi recentemente afiançada por aliados do naipe de José Sarney, Paulo Maluf e Romero Jucá. Só faltou convocar para esse ato patriótico Jáder Barbalho e os mensaleiros João Paulo Cunha e Valdemar Costa Neto. Porém, se o objetivo do governo era tão-somente fazer humor barato, bastaria uma cirúrgica declaração do deputado Tiririca, da base aliada, avalizando a incorruptibilidade daquele que já entrou para os escaninhos da história como o mais genial consultor econômico desde que as caravelas de Cabral ancoraram em nossa costa.

 

Como Palocci não ganhou duzentas vezes na loteria nem saqueou a caverna de Ali Babá – no que seria perdoado por um par de anos -, resta que essa sua pecúnia amealhada na condição de consultor é resultante de tráfico de influência e outras práticas nefandas que os outrora impolutos petistas incorporaram ao seu inesgotável estoque de rapinagem e sordidez.

 

Não tendo como defendê-lo, aliados do ministro acusam a oposição de ter vazado as informações a fim de desestabilizar o governo. E a própria presidente, numa fala pra lá de atabalhoada e infeliz, defendeu o magnata de Ribeirão Preto ao argumento débil de que a oposição “está fazendo política”, como se não fosse essa uma das razões pelas quais a sociedade desembolsa bilhões de reais por ano para manter um Congresso formado por 513 deputados e 81 senadores.

 

Se é verdade que foi a oposição a responsável pela descoberta do enriquecimento súbito de Palocci, isso não faz a menor diferença. O que importa de fato é que sua situação ficou insustentável, e Dilma não será capaz de mantê-lo por muito tempo no cargo. Isso porque, além da pressão levada a efeito pela oposição para a instalação de uma CPI, o fisiológico PMDB do vice-presidente Temer já começou a puxar o tapete do mais afortunado dos porquinhos.

 

No entanto, independentemente do desfecho que venha a ter o caso, a situação de Palocci é reveladora do cinismo e da lassidão moral que passaram a imperar no País desde o dia em que Lula subiu a rampa do Planalto. De violador de sigilo bancário, Palocci progrediu a traficante de influência. E com esse currículo notável, recheado com uma fortuna de R$ 7 milhões apenas em bens imóveis, foi escalado para ser a eminência parda do governo Dilma – uma versão menos autoritária e antipática do que José Dirceu fora no início da Era Lula.

 

Ao contrário do que dizem alguns companheiros, não foi por estar convicto da licitude da sua conduta que Antônio Palocci declarou à Receita Federal a sua extraordinária evolução patrimonial nos últimos quatro anos. Nem por desconhecer as fronteiras entre o legal e o ilegal, o moral e o imoral. Antes, conjecturou contar com a sorte ou a impunidade. Sorte para não ser pilhado no cometimento de suas ações ilícitas; impunidade, na hipótese de alguém vir a dar com a língua nos dentes e o esquema tornar-se de conhecimento público. Enfim, o velho truque de convolar o vício em virtude, como fazem as máfias e organizações criminosas por meio da lavagem de dinheiro. E, se os métodos diferem entre si, os propósitos são os mesmos: tornar palpável e passível de fruição o patrimônio adquirido de forma antijurídica.

 

Mais uma vez o porquinho Palocci chafurda na lama da imoralidade. Mais uma vez será expulso do coração do poder - agora com uma passagem só de ida. Assim, com o beneplácito da dupla Lula-Dilma, terá tempo de sobra para disputar com José Dirceu quem é o melhor em fazer lobby e desfalcar os cofres da Nação. Quanto mais Palocci enriquece, mais o Brasil empobrece. E sua riqueza material, multiplicada dezenas de vezes no segundo governo Lula (sempre ele!), contrasta cada vez mais com sua miséria moral, elevada ao infinito.

 

 

* Paulo Márcio é colunista do portal Universo Político.com. E-mail: paulomarcioramos@oi.com.br



08-05-2024
 

 

 

Resultados - Elei��es

 

Setransp

 

Setransp

 

Setransp

 

 

Parceiros

 

 

Fazer o Bem

 

Ciclo Urbano

 

Adjor

 

Sindjor

 

 

Twitter