Na Política

Biblia Online

17/02/13 | 23:11h (BSB)

Um Congresso agonizante

 

Ditadores, é cediço, não suportam a ideia de um Parlamento livre para legislar e fiscalizar seus atos político-administrativos. Assim, ao usurparem o poder, seja diretamente, por meio de um golpe de estado, ou paulatinamente, quando, eleitos pela via democrática, começam a sufocar os direitos e liberdades civis em nome de um pretenso ideal de justiça coletiva - até a completa asfixia das instituições e das vozes dissonantes -, sentem ímpetos de fechar o congresso ou, quando menos, reduzi-lo a mera caixa de ressonância da tirania.

 

A fim de manter as aparências, seja no plano interno quanto no âmbito internacional, os modernos déspotas preferem manter um Congresso de faz de contas, e, em nome da chamada governabilidade, lançam mão de todos os artifícios para constituir ou manter a maioria necessária: loteamento de cargos, liberação de emendas, distribuição de ministérios, secretarias e estatais, sem falar na execrável compra de apoio parlamentar (mensalão, mensalinho e suas variantes) e na blindagem conferida a membros da base aliada pilhados em escândalos de toda ordem.

 

Nesse cenário dantesco, Renan Calheiros, o novo presidente do Senado e, por consequência, do Congresso Nacional, tem o perfil ideal para ocupar o cargo para o qual foi eleito recentemente, com uma votação tão expressiva que, longe de surpreender, vem reforçar a situação de penúria em que se encontra o Poder Legislativo Federal.  O senador Pedro Taques (PDT-MT) até que tentou, debalde, se insurgir contra o candidato de Lula, Dilma, Sarney e Collor – essa plêiade de estadistas que coloca o Brasil em honrosa posição no concerto das nações civilizadas e democráticas.

 

Se Renan, após todos os atos desabonadores de sua conduta como homem público (pelos quais responderá criminalmente no STF), pôde ser eleito novamente para a presidência da Casa Legislativa que representa os entes federativos junto à União, é sinal de que a ética e a moralidade administrativa foram banidas de uma vez por todas da política brasileira, é sintoma de que nossa democracia tornou-se uma grande farsa, é a prova cabal de que nossas instituições estão falidas, colapsadas, em frangalhos.

 

O deputado federal Tiririca (PR-SP), cujo slogan de campanha “Vote em Tiririca: pior do que tá não fica”, apesar do sucesso eleitoral, errou feio em seu prognóstico. Por mais improvável que parecesse ao mais astuto analista político ou ao mais ingênuo palhaço, os nossos representantes conseguiram a façanha de piorar o que já era ruim. Decerto atingimos o fundo do poço. Na escala das imoralidades, descemos ao nível mais profundo. Tanto melhor. Se quisermos nos movimentar – e desde que não seja horizontalmente –, só nos resta subir... Subir até encontrarmos um pouco de luz, ar puro e esperança.

 

 

PAULO MÁRCIO é Delegado de Polícia Civil desde 2001. Especialista em Gestão Estratégica em Segurança Pública (UFS) e em Direito Penal e Direito Processual Penal (Fase).  Foi Presidente do Sindepol-SE, Superintendente de Polícia Civil de Sergipe, Corregedor Geral de Polícia Civil. Atualmente é titular da 10ª Delegacia Metropolitana. É colunista do portal Universo Político.com E-mail paulomarcioramos@oi.com.br  paulomarcioramos.blogspot.com.br 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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