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22/08/23 | 10:18h (BSB)

Tecnologia no transporte coletivo abre caminhos para o combate à evasão escolar na rede pública

A bilhetagem eletrônica está no dia a dia dos usuários do transporte público coletivo de Aracaju (SE) e sua Região Metropolitana desde 2007, quando o vale transporte e passe escolar, ambos de papel, foram substituídos pelo cartão Mais Aracaju. 

A tecnologia do bilhete eletrônico e o equipamento para sua validação instalado nos ônibus proporcionam mais rapidez no ingresso no transporte, mais segurança evitando exposição com dinheiro ou morosidade com troco, controle de créditos, mais cidadania para aqueles que têm direito à gratuidade – já que existem cartões específicos aos passageiros gratuitos (idosos, pessoas com deficiência, entre outros), além de ser higiênico com uso exclusivo. Basta aproximar o cartão do transporte no validador, mesmo dentro da carteira ou bolsa, e a passagem já é computada. 

Agora imagine unir a segurança e praticidade do cartão eletrônico à autonomia estudantil? Basicamente, foi isso que o sistema de transporte de Aracaju e o Governo de Sergipe, através da Aracajucard (empresa contratada para operar a bilhetagem do transporte local), do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setransp) e da Secretaria de Estado da Educação,  fizeram  com a idealização em 2019 de projeto inovador modernizando o acesso dos alunos ao transporte e, principalmente, combatendo a evasão escolar na Rede Pública de Ensino. 

O combo se resumiu em: gratuidade total aos estudantes, catraca para validação na entrada/saída das escolas e aplicativo do aluno para acompanhamento de créditos e presença nas aulas não somente por eles mesmos, mas para os pais ou responsáveis também. É o transporte público coletivo sendo um agente essencial na educação de milhares de estudantes, promovendo acesso e influenciando positivamente uma geração!
 

O Piloto
 

O diretor executivo, José Carlos Amâncio, explica que o Setor de Transporte queria ampliar o uso do cartão na rede de ensino pública projetando como poderia ajudar a escola a trazer seus alunos à instituição diariamente. Isso ampliou a visão da gestão educacional, que anualmente já faz campanhas contra a evasão escolar, e topou fazer um projeto piloto em uma das mais escolas estaduais sergipanas. 

“O que nós queríamos? Veicular a entrada e a saída do colégio à passagem de ônibus. Conversamos com alguns diretores até chegarmos ao Colégio Estadual Jackson de Figueiredo. A gente observou que, mesmo sendo uma escola no Centro, muitos estudantes não tinham acesso ao cartão ou porque não eram cadastrados ou porque iam no ônibus do Governo do Estado (escolar). Daí observamos que só 50% dos alunos da escola usavam o cartão Mais Aracaju. No projeto piloto, naquele momento, a gente criou uma estrutura, com a catraca e cartão para começarmos a ter noção de como seria essa ideia na prática e como ampliar o cartão entre os estudantes que não tinham. Afinal só entraria na escola quem tivesse o cartão matriculado naquela instituição”, comentou José Carlos Amâncio.

 

Na época, os pais foram convidados para entenderem os benefícios do Projeto. “A ideia era registrar sua chegada e saída na catraca. Então, olhamos todos os estudantes e quem não tinha (o cartão), a gente cadastrou, já que eles precisariam de um cartão para passar pela catraca. Diante disso, instalamos todo equipamento: catraca, finger (na época leitura com a digital, hoje é a biometria facial) e painéis para os estudantes terem conhecimento de como funcionaria. Aos poucos, a comunidade escolar foi entendendo e gostando do projeto, que hoje é um sucesso entre pais e alunos”, explicou o diretor. 

 

Acesso

 

Era notório que muitos estudantes não iam à escola, assim como acontece em muitos lugares por todo País. Os índices de evasão escolar eram altos, mas em um ano, somente no Colégio Jackson Figueiredo o volume de alunos presentes cresceu 20%. Entre tantos fatores que contribuem para isso, das justificativas apresentadas pelos alunos, estavam as  dificuldades financeiras para o próprio transporte até a escola, como foi o caso de Isadora Pacheco, aluna do segundo ano do ensino médio no Jackson de Figueiredo. Layne Sobral, mãe da jovem, comenta que, enquanto ela estudava no Ensino Fundamental, aceitava que ela poderia ir de bicicleta, devido a escola ser perto da residência no bairro Coroa do Meio.

 

No entanto, o tempo foi passando e a filha que já estudava no Ensino Médio, prestes a passar pelo Enem, foi pega de surpresa com a mudança da instituição de local, já que colégio passou a ser no Centro da Cidade, 8 Km de distância da sua casa. A bicicleta já não seria mais ideal para o deslocamento de Isadora,  a jovem precisaria ir de ônibus. Sua mãe sabia que a mudança de local pesaria no bolso, mas ao chegar na escola atual soube do benefício da bilhetagem eletrônica do transporte custeado pelo Governo do Estado, e hoje Isadora faz parte dos mais de 5 mil alunos que usufruem do Cartão Mais Aracaju Seduc.

 

“Ela ia de bicicleta, mas era perto. Quando ela foi para o Jackson de Figueiredo, ela recebeu o cartão da Seduc e eu fiquei feliz! Porque além da catraca na escola, que dá segurança, ela pode ir e ficar o dia todo lá e voltar quando acabar as atividades. É muito importante que todas as mães, como eu, tenham esse benefício com o filho estudando. Afinal, nem todo mundo tem condições de pagar a passagem. Com o cartão, o aluno não tem desculpa de faltar, ele tem o benefício. Isso é segurança”, afirma.

 

Everton Madero, secretário escolar do Jackson Figueiredo, comenta que quando o projeto chegou, diante da realidade da escola, que recebe adolescentes e jovens de diversas localidades da capital e do interior, o projeto com a Aracajucard era justamente o que eles queriam: mais segurança para todos com o aluno sendo acompanhado desde o ônibus que tomou perto de casa, sua chegada na escola, o acesso com a catraca e o mecanismo de controle, impossibilitando ainda que pessoas de fora adentrassem na instituição. 

“Instalamos o sistema e até hoje só trouxe benefício para a escola, inclusive reduzindo a violência aqui, porque com o cartão, a gente evita pessoas de fora e até certos tumultos. Como todo início, houve uma resistência, que é natural, mas depois eles perceberam a importância que isso trazia pro dia a dia. Hoje só entra na escola quem tem o cartão do transporte. Além da catraca, a Aracajucard e sua equipe de TI trazem o “Eu na Escola” e com isso, a gente sabe que o aluno saiu de casa e entrou na instituição e para a gente é excelente. Nós e os pais podemos ver tudo e isso nos ajuda em diversas situações, inclusive para mapear a frequência e a falta. Ou seja, um ganho enorme!”, salientou o secretário escolar.

 

Eu na escola

 

Se a mãe de Isadora ficou feliz em saber que a filha pode ir à escola tranquilamente, a vendedora Jocilene Santos, mãe de uma adolescente no primeiro ano do Ensino Médio, se sente confortável graças ao aplicativo. “Para mim, foi uma segurança. Eu sei o horário que ela entra na escola, que ela sai, que ela pega o ônibus e isso para mim é importante. Ela é filha única e é o primeiro ano dela numa escola pública. Ela só veio para o Jackson por causa da catraca e mãe que é mãe, se preocupa. Eu procurei buscar segurança para ela e para mim e na minha busca, vi que tinha a catraca e o aplicativo. Para mim, foi um alívio o Eu na Escola”, enaltece.

 

A segurança e o combate à evasão escolar foram observados pela Diretoria de Educação de Aracaju (DEA) assim que percebeu o ganho da comunidade escolar com a parceria com o sistema de transporte coletivo. Atualmente, três instituições fazem parte do sistema de catraca e 16 escolas têm alunos que usufruem do cartão Mais Aracaju Seduc, onde os pais visualizam a frequência pelo aplicativo Eu na Escola. 

 

A diretora do DEA, Maria Gilvânia, explica que os alunos do  Colégio Jackson de Figueiredo passaram a faltar menos graças ao projeto da bilhetagem eletrônica, e não chegavam mais atrasados, pois não dependiam mais do ônibus escolar, já que tinham autonomia para escolher o horário para sair de casa e tomar um dos veículos do transporte público coletivo de Aracaju – uma frota de quase 500 ônibus.

 

“A gente recebeu críticas no começo, mas quando alunos e pais perceberam a utilização positiva, onde o aluno não mente e não tem razão para faltar e entra na escola, o discurso mudou. A catraca na escola expandiu o uso do cartão de  transporte e nós queríamos ampliar isso ainda mais para outras instituições. Agora estamos retomando e em todas as escolas que tem catraca, todos passam com o cartão e tem a passagem gratuita também. A cada ano, temos aumentado a aquisição da passagem entre os alunos e gostaríamos de continuar expandindo, porque o aluno agora não depende do ônibus escolar, porque tem o transporte público, onde ele pode escolher a linha e o horário”, mapeia a diretora Maria Gilvania. 

 

Autonomia estudantil

 

A influência do transporte no desenvolvimento da educação em Sergipe trouxe ainda resultados econômicos positivos. O volume de estudantes transportados é maior, no entanto a despesa com a gratuidade é menor,  cerca de 50% a menos, gerando economia inclusive para investimento em outras áreas do próprio sistema educacional. Sandra Ribeiro, que administra o  Serviço de Transporte (Setran) na Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (SEDUC), aponta a economia para a educação e como a entrada no transporte público  facilita a vida dos alunos.

 

“Fizemos estudos e hoje gastamos a metade do que costumávamos com o transporte escolar, já que o Ensino Médio é integral. Se antes pagávamos duas diárias para cerca de 40 alunos, já que eles iam no ônibus Escolar e eles tinham que ir manhã e tarde, hoje a gente paga a passagem e eles não dependem mais do ônibus escolar, podendo escolher o horário que eles vão para as suas residências. E isso faz a gente investir, por exemplo, no ensino fundamental que tem mais alunos nos dois horários. Então, essa mudança nos deu uma economia de 50%”, frisou a diretora.

 

Sandra aponta que para a Secretaria de Educação isso é muito positivo, afinal, se investe em outras áreas, inclusive no transporte das crianças menores e se dá autonomia aos maiores com o cartão de meia passagem. “O cartão é avanço para a gente. É valorização da cidadania. Ele aprende a se locomover, valoriza o público e também é uma forma precisa de fazer o pai acompanhar esse aluno, já que ele tem o Eu na Escola em mãos e pode saber os horários, os pontos, saber onde o filho passou. Além disso, a escola também acompanha. Então é só benefício!”, apontou a Sandra Ribeiro.

 

Muito se fala da autonomia estudantil e da segurança nas escolas e os próprios alunos concordam com as mudanças na estrutura de mobilidade que eles têm no dia a dia. Victor Lucas, aluno do Terceiro Ano do Ensino Médio do Jackson Figueiredo, relata que a catraca evita que qualquer pessoa entre na instituição, dando mais segurança já que para entrar na escola é somente com o cartão. Ele afirma que vê essa mudança com bons olhos, e se sente mais seguro.

 

“Fomos surpreendidos com os ataques nas escolas no Brasil nos últimos tempos e isso causa medo. A falta de segurança que a gente sente vendo isso, é justamente por entender que os atentados acontecem dentro do ambiente escolar. A escola é a nossa segunda casa e com a catraca tem realmente o controle. Sabe-se quem é aluno e quem não é. Então para isso é evolução e evita qualquer situação, inclusive atentados como vimos este ano”, pontuou o aluno.

 

E a aluna Isadora Pacheco que vai às escolas todos dias, afirma que o cartão lhe dá confiança de ir e vir de segunda a sexta. “Eu ia no Escolar, já fui de bicicleta e hoje venho de ônibus. O cartão de meia passagem nos deu mais autonomia e a gente não depende do horário do ônibus escolar, a gente faz o nosso horário. Com o novo Ensino Médio, temos um horário a mais agora, e eu posso assistir o último horário e não dependo mais de aguardar o motorista ou ter que sair antes. Para mim, seria prejuízo, mas hoje não é mais. Eu vejo como um ganho e eu sinto que rendemos mais na escola. A gente tem oportunidade e liberdade e oportunizou quem não tinha condições de poder vir à escola sem preocupação, pois nem todo mundo tem condições de pagar a meia passagem”, explica a estudante feliz. 

 

Da Ascom Setransp



27-04-2024
 

 

 

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