Profissionais que integram a equipe de Espeleologia e Arqueologia visitaram durante a Fiscalização Preventiva Integrada (FPI/SE) a região conhecida como Vale dos Mestres, em Canindé do São Francisco. O local, que faz parte da Unidade de Conservação Monumento Natural do Rio São Francisco, tem sofrido com o turismo desordenado.
Lixo, fogueira, pichações, alto volume de som, falta de controle do número de pessoas na trilha são alguns problemas que a equipe identificou no Vale dos Mestres. O local é um atrativo natural muito procurado por turistas e moradores da região e a falta de controle da visitação ocasiona muitos impactos ambientais.
“Dentre os principais, estão os impactos diretos na trilha que não possui zoneamento definindo áreas mais sensíveis, e é frequentada por uma grande quantidade de pessoas ao mesmo tempo, o que pode causar prejuízos à flora e fauna”, explica o coordenador da equipe, o espeleólogo Elias Silva.
“O Vale dos Mestres é uma área de reprodução de aves, como araras, e habitat de outras espécies, o elevado volume do som pode estressar os animais fazendo com que eles abandonem o local”, completa.
Na trilha, de pouco mais de um quilômetro que separa a entrada do Vale dos Mestres do lago formado pelas águas cristalinas do Rio São Francisco, podem ser encontrados diversos vestígios da passagem do homem pelo sertão nordestino há mais de 9 mil anos antes do presente.
São quatro sítios arqueológicos que registram o cotidiano desses grupos, objeto de pesquisa de arqueólogos da Universidade Federal de Sergipe. No local, há vários registros de gravuras em baixo relevo sobre as rochas. Ao lado das gravuras pré-históricas, os técnicos da FPI/SE encontraram diversas pichações. Para a arqueóloga Railda Nascimento, “o turismo deve ser realizado de forma orientada para tornar-se parceiro da arqueologia e da ciência”.
“Estar numa área de sítio arqueológico demanda cuidado e as pessoas precisam ser orientadas em como se comportar. O cuidado deve ser intensificado em áreas como o complexo arqueológico de Xingó, que é uma referência no âmbito da arqueologia brasileira”, alerta a arqueóloga Míriam Cazzeta.
A procuradora da República Lívia Tinôco explica que é papel do Ministério Público Federal proteger o Vale dos Mestres. “O MPF é o guardião de todo esse Patrimônio Natural. As cavernas, os sítios arqueológicos, o Rio São Francisco, são bens da União e incumbe ao MPF a tarefa de conservar e proteger esses bens federais”, explica.
A equipe Espeleologia, Arqueologia e Paleontologia da FPI/SE também apontou que um caminho para proteção do Vale dos Mestres seria envolver a própria comunidade que mora no entorno. “Capacitar as comunidades que moram no entorno para promover o turismo no local de forma adequada pode gerar emprego, renda e auxiliar na proteção do Patrimônio Natural”, explica o coordenador da equipe, Elias Silva.
A equipe Espeleologia, Arqueologia e Paleontologia é formada pelo Centro da Terra-Grupo Espeleológico de Sergipe (CT/SE), Museu de Arqueologia de Xingó (MAX/UFS), Ministério Público Federal em Sergipe (MPF), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Grupamento Tático Aéreo (GTA/SE), Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe (CBM/SE) e profissionais colaboradores de diversas áreas do conhecimento.
Da Ascom FPI/SE
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