O Ministério Público Federal (MPF/SE) e o Ministério Público Estadual (MP-SE) ajuizaram ação civil pública pedindo que Justiça obrigue o Poder Executivo a enviar, no prazo de 10 dias, novo projeto de lei do Plano Estadual de Educação à Assembleia Legislativa (Alese). O novo texto deve conter os principais pontos elaborados pelo Fórum Estadual de Educação. A ação foi protocolada na última sexta-feira, 2 de outubro.
Também é pedido que a Justiça determine à União que envie equipe especializada ao Estado de Sergipe para acompanhar, orientar e emitir parecer técnico sobre o caso, inclusive a respeito do quadro verificado nas mais de 150 escolas visitadas pelos Ministérios Públicos nas municipalidades sergipanas.
Na ação, o MPF/SE e o MP-SE explicam que o Estado não pode fazer o que fez a respeito do PEE, isto é, realizar cortes em pontos essenciais, via Conselho Estadual de Educação, sem levar em consideração o que foi debatido no âmbito das seis Conferências Intermunicipais de Educação. Durante as conferências ocorreram 60 oficinas de trabalho para discussão do PEE, com a participação de diversos segmentos da sociedade e do meio educacional de Sergipe.
“A atitude do Poder Executivo acabou alijando a participação social da construção do PEE, causando um total desalinhamento com o Plano Nacional de Educação – PNE, e comprometendo o êxito das metas e estratégias em Sergipe e no País”, afirma o procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Ramiro Rockenbach.
A ação proposta pelos Ministérios Públicos ressalta que o Estado de Sergipe tentou passar a impressão, não apenas aos parlamentares estaduais, mas a todos aqueles que acessarem o PEE, que o texto decorreu de uma construção coletiva ampla e democrática, o que, segundo a ação, não corresponde à realidade. Afinal, a Mensagem do Projeto de Lei encaminhado à Assembleia Legislativa, e depois aprovado, faz parecer que seu conteúdo foi elaborado pelo Fórum Estadual de Educação, quando na verdade não foi.
Estratégias para educação de qualidade - Para o MPF/SE e o MP-SE, há estratégias para viabilizar uma educação de qualidade que devem ser apreciadas o quanto antes pela Assembleia Legislativa. Entre elas, na ação são destacados: assegurar que o Estado de Sergipe cumpra o seu dever constitucional de atuar prioritariamente no ensino fundamental e médio; viabilizar os mecanismos de valorização da carreira do magistério; garantir o aporte de recursos financeiros necessários para o cumprimento das metas de educação previstas no PEE, entre outras.
MPEduc – Na ação, também são citadas as visitas realizadas pelo Projeto Ministério Público pela Educação (MPEduc), em agosto e setembro deste ano, em mais de 150 escolas sergipanas, em 40 municípios. Nas visitas foram identificadas contradições entre a realidade da educação no Estado e a retirada de valores significativos do orçamento da pasta. “Encontramos, nas escolas, irregularidades gravíssimas na merenda escolar (morada de roedores), banheiros insalubres e impróprios, cantina sem condições de uso, estruturas precárias, computadores sem instalações, banheiro sem lavatório, rachaduras e infiltrações, falta de professores de várias disciplinas e muito mais. O quadro é alarmante. Qual a razão de o Estado querer retirar cerca de meio bilhão de reais, nos próximos dez anos, de investimentos da educação?”, questiona o procurador Ramiro Rockenbach.
Histórico - Do dia 3 de setembro, o MPF e MP-SE impediram a sanção e publicação da Lei do Plano Estadual de Educação. A decisão liminar da Justiça Federal atendeu ação cautelar ajuizada após a Assembleia Legislativa aprovar o PEE. No entanto, o Estado de Sergipe conseguiu suspender a decisão com pedido ao Presidente do Tribunal Regional Federal da 5ª. Região, e a lei foi publicada. O caso ainda está sendo discutido, já que em 7 de setembro, o MPF levou a questão ao Presidente do Superior Tribunal de Justiça. A ação está pendente de julgamento.
Da Ascom
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