O interrogatório do ex-deputado estadual, Raimundo Vieira, o Mundinho da Comase foi realizado no início da tarde desta quarta-feira (29), no Departamento de Crimes contra a Ordem Tributária e a Administração Pública, e conseguido com exclusividade, pela TV Sergipe. No depoimento, Mundinho da Comase se comprometeu firmar um acordo de delação premiada, o que foi realizado na manhã desta quinta-feira (30), no Ministério Público Estadual.
O ex-parlamentar foi preso por medida preventiva nesta quarta-feira suspeito de envolvimento com o desvio de verbas da subvenção da Assembleia Legislativa de Sergipe. Além dele, foram presos Augifranco Patrick Vasconcelos, da Associação Alajovem do município de Lagarto e Ygor Henrique Batista Vasconcelos.
Confira alguns trechos do depoimento:
Em depoimento ele diz que as verbas de subvenção da Assembleia Legislativa de Sergipe funcionavam basicamente com associações ligadas aos próprios deputados. E que esse dinheiro servia para custear as atividades dos parlamentares.
No caso específico da Associação Alajovem de Lagarto, Mundinho da Comase disse que cerca de 25 a 30% do repasse da subvenção ficava com a associação. O restante do dinheiro voltava para ele por meio de transferência bancária, cheque ou dinheiro.
Mundinho da Comase revelou também que apresentou o presidente da Associação Alajovem, Augifranco Vasconcelos, para os deputados Paulinho das Varzinhas, Augusto Bezerra e Gilson Andrade. E que esses deputados acertaram com Augifranco quanto retornava para eles.
Raimundo Vieira também citou no interrogatório que a pedido do grupo político do qual participava, os deputados capitão Samuel (PSL) e o ex-deputado Zeca da Silva (PSC) teriam pedido a ele que o próprio Mundinho destinasse dinheiro das subvenções para a Associação Sergipana dos Produtores de eventos, mas que ele, Raimundo Vieira, não recebeu nenhum dinheiro de volta.
Sobre o repasse da subvenção de 2014, Mundinho da Comase disse que destinou R$ 235 mil para a Alajovem. Sendo que R$ 150 mil voltaram para ele. Disse também que em 2013 a Alajovem recebeu, ao todo, R$ 660 mil de alguns deputados. R$ 70 mil repassados pela deputada Goreti Reis; R$ 200 mil por ele mesmo; R$ 240 mil pelo deputado Paulinho das Varzinhas e R$ 160 mil pelo deputado Gilson Andrade.
Segundo Mundinho da Comase, 70% de todo o dinheiro voltaram para os deputados citados. Explica que os saques foram feitos por Augifranco Vasconcelos e repassados aos parlamentares por meio de cheques ou transferências bancárias emitidos pela empresa MP-10, do irmão de Augi Franco, Ygor Henrique.
Mundinho acrescentou ainda, em interrogatório, que o deputado Paulinho das Varzinhas não aceitava receber em cheques ou transferências bancárias. Mas somente em espécie. O ex-deputado Raimundo Vieira disse que a associação de proteção a assistência e maternidade infantil Antônio Vieira da Silva Neto, que funciona na cidade de Itabaianinha é também administrada pela esposa dele e que também recebeu dinheiro das subvenções da assembleia e que parte desse dinheiro volta para ele.
No depoimento Mundinho da Comase também disse que o professor Augifranco era pago para emitir notas frias e que participava de um esquema de superfaturamento e de devolução dos recursos da Alajovem.
Raimundo Vieira, o Mundinho da Comase, disse ainda que Augifranco era responsável por fazer o intermédio entre várias associações com os deputados estaduais que indicavam dinheiro. Disse também que não sabe informar no momento o nome de todos os deputados, mas confirma que foi ele mesmo que indicou o serviço de Augifranco para os parlamentares, Paulinho da Varzinha (PTdoB), Augusto Bezerra (DEM), Gorete Reis (DEM), Gilson Andrade (PTC).
No fim do interrogatório, o ex-deputado se comprometeu a apresentar documentos e dizer os nomes e o valor que cada deputado destinou e qual o valor devolvido a cada um deles.
Os deputados citados no depoimento não foram localizados, com exceção do deputado Paulinho das Varzinhas. Ele atendeu o telefonema, mas recomendou que falassem com o advogado dele, Márcio Conrado. Porém Conrado disse que a delação de Mundinho da Comase é da esfera policial e ele só trata do processo na esfera eleitoral. na esfera policial, quem cuida do processo é o advogado Aurélio Belém, que também não foi localizado.
Matéria do G1 Sergipe
Da reportagem TV Sergipe
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