“A música é abstrata, a gente não toca nela. Música é para ser sentida”. Foi assim que Márcio Rodrigues, coordenador da Orquestra Jovem de Sergipe, recepcionou os alunos na aula inaugural do projeto, ocorrida na tarde desta terça-feira, 18. No pátio da Escola Estadual Vitória de Santa Maria, os olhares concentrados fixavam os ensinamentos compartilhados. Cada qual com um brilho singular que, assim como a música, não se toca, mas se sente.

Lauriane de Almeida canta na igreja do bairro Santa Maria. Aos 10 anos, a paixão pelo coral já faz parte da sua vida. E, a partir de agora, ela terá a oportunidade de compor o coral da Orquestra Jovem. “Quando soube do projeto, meu coração bateu forte, porque me deu confiança. Já me imagino cantando pra muita gente”, desabafou Lauriane.

Ao todo, 100 adolescentes entre 7 e 18 anos passaram no teste de aptidão para participar do projeto. As aulas – ministradas por 12 professores – acontecerão três vezes por semana, até o mês de dezembro, divididas em cinco turmas: de violino, viola clássica, contrabaixo, violoncelo e coral. A iniciativa possibilita que jovens em situação de vulnerabilidade social tenham contato com a música erudita.

No caso de Elizama França, quem a motivou a se inscrever na Orquestra Jovem foi a mãe dela. Após ser selecionada, aadolescente já não tem mais dúvidas: quer aprender a tocar viola clássica. “O projeto abrirá portas para muitas pessoas se envolverem com música. Vai tomar nosso tempo com coisa boa”, garantiu Elizama, destacando o significado social da ação.

A orientação familiar também foi fundamental para que Joeliton Ferreira, de 14 anos, estivesse participando daquele primeiro dia de aprendizado. “Gosto bastante de música e é muito bom poder aprofundar o conhecimento”, afirmou o garoto, que já toca bateria há um ano. “Não fosse o projeto, eu nunca conseguiria aprender violino. Meus pais disseram para eu ir em frente e não desistir, porque com a música eu teria um futuro próspero”, revelou Joeliton.

Trabalho em conjunto

As boas-vindas quebraram o gelo entre a juventude e a realidade erudita. Com leveza e bom humor, Márcio Rodrigues interagiu com os alunos e possibilitou o contato inicial com a música clássica. “O aprendizado teórico já será voltado para o manejo de determinado instrumento”, explicou o coordenador, que é spalla [1º violino] da Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE).

A secretária da Cultura, Eloísa Galdino, fez questão de acompanhar de perto a aula inaugural da Orquestra Jovem de Sergipe. “Eu atuo no setor público há 13 anos e esse, sem dúvida alguma, é o projeto mais significativo e marcante dessa trajetória”, confessou a secretária, enfatizando a relevância da ocasião. “Venho ver essa primeira aula e sou tomada por um sentimento de satisfação e alegria”, ressaltou Eloísa Galdino.

Segundo ela, após três anos de dedicação na formatação do projeto e na captação de recursos, o início das aulas representa a coroação de todo este processo. “E que a gente possa, com trabalho e muita crença, levá-lo para outros bairros de Aracaju e até outras cidades de Sergipe”, vislumbrou a secretária.

A “Orquestra Jovem de Sergipe” é uma iniciativa do Governo de Sergipe, através das secretarias de Estado da Cultura (Secult), da Inclusão, Assistência e Desenvolvimento Social (Seides) e do Instituto Banese, viabilizada pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet. O projeto conta com o patrocínio das empresas Sergas, Energisa e AlmavivA.

Da Secult/SE