A trajetória de João Firmino Cabral, poeta sergipano que fez de simples versos cordelistas um salto para o universo da leitura e da escrita, influenciou 40 adolescentes e jovens da Zona Norte de Aracaju. É que através de um Edital de Apoio a Oficinas Culturais, eles não só passaram a conhecer o escritor, como também a utilizar cenicamente toda a riqueza cultural presente em sua biografia.
Com a aprovação do projeto ‘Boca En-Cena, folhetins em Cordel: João Firmino, um poeta nordestino’ no Edital, esses adolescentes e jovens passaram a integrar o Grupo Teatral Boca de Cena, que entre o mês de junho e dezembro promoveu oficinas e ensaios da peça que deu nome ao projeto. Os encontros aconteceram todas as segundas e quartas-feiras, das 18h às 22h, na sede do grupo, localizada no Loteamento Nova Liberdade II. Espaço que também funciona como Ponto de Cultura.
Incentivo
O Edital é uma iniciativa do Governo de Sergipe, através das Secretarias de Estado da Cultura (Secult) e da Inclusão, Assistência e do Desenvolvimento Social (Seides). Segundo o coordenador geral do Grupo Boca de Cena, Rogério Alves, a atuação do poder público foi decisiva para a consolidação do projeto e, posteriormente, do espetáculo. Incentivo esse que tem proporcionado a inclusão social e a valorização das potencialidades culturais que caracterizam as manifestações populares em Sergipe.
“O trabalho consistiu no cumprimento de duas etapas, na perspectiva de difundir a cultura popular e, em especial, a Literatura de Cordel através das produções assinadas por João Firmino Cabral. Em junho, inserimos os novos alunos em oficinas de teatro para o desenvolvimento de suas habilidades artísticas, nas quais eles conheceram diversas técnicas de interpretação, bem como relatos sobre a vida e a obra do cordelista sergipano”, explicou Rogério, que também é coordenador geral do projeto.
A segunda etapa do projeto, iniciada em setembro, implicou na montagem do espetáculo. “Nesse estágio, destacamos curiosidades sobre a infância de João Firmino em Itabaiana, as obras por ele deixadas com grande apreço aos folhetins em Cordel, até relatarmos o significado poético da sua morte, culturalmente inexistente em virtude da relevância das obras deixadas”, acrescenta o diretor.
Cordel e dramaticidade
Para a coordenadora pedagógica do projeto, Patrícia Brunet, a tarefa de transpor o amor de João Firmino Cabral pela Literatura de Cordel, para o mesmo sentimento alimentado pelos alunos em relação à dramaticidade, resulta no contentamento de todos os participantes. “Mesmo com tantas atribuições, priorizo cada momento dedicado à aprendizagem cênica. Essa aprendizagem me conduz ao conhecimento da Literatura de Cordel e de um dos seus mais distintos escritores”, ressaltou Marcos Vinícius Souza, 17 anos, que interpreta o cordelista no espetáculo.
A junção da música, do teatro e da dança foi crucial para a boa desenvoltura da jovem Thayres Mayara dos Santos, 19 anos. Integrante do trio pé-de-serra Jaçanã, criado no bairro Jardim Centenário, ela aproveita o talento evidente na música e no conhecimento da cultura popular para adaptar todo o potencial artístico nas encenações.
“Mais uma oportunidade me foi dada para valorizar as origens nordestinas através das mais diferentes vertentes artísticas. O Cordel caracteriza a nossa terra e tornar a participação de João Firmino ainda mais evidente no cotidiano das pessoas é uma necessidade que logo se transforma em privilégio”, assegurou a aluna.
Apresentações
A culminância do projeto se deu no último sábado, 7, às 10h, durante uma apresentação cênica ocorrida na área do Mercado Thales Ferraz, próximo a banca de cordéis antes administrada por João Firmino e hoje pelo filho do cordelista, Joel Cabral. Às 19h desta mesma data, o público pôde apreciar o espetáculo 'Boca En-Cena Folhetins em Cordel: João Firmino um Poeta Nordestino' na Praça do final de linha do Conjunto Bugio. No próximo dia 12, às 17h, chegará a vez de preencher a Praça Fausto Cardoso de encenações.
O poeta popular
João Firmino Cabral nasceu em 1° de janeiro de 1940, em Itabaiana/SE. Filho de Pedro Firmino Cabral (cantador de feira e embolador) e Cecília da Conceição (roceira) e agricultor desde menino, começou a demonstrar interesse pelas letras ainda na juventude. Comprava folhetos de Literatura de Cordel, que usava como cartilha para aprender a ler.
Aos 17 anos, com o auxílio do poeta Manoel D'Almeida Filho, João Firmino descobriu sua vocação poética e escreveu seu primeiro folheto, uma Profecia do Padre Cícero. Em 2002, foi agraciado com a medalha do Mérito Cultural Serigy.
Em 2003, o poeta popular foi escolhido como patrono da 1ª Cordelteca do Brasil, que funciona na Biblioteca Municipal Clodomir Silva, em Aracaju. Em 2008, tomou posse na Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), na cadeira 36, patronímica de Expedito Sebastião da Silva. João Firmino Cabral morreu em 1º de fevereiro de 2013, em Aracaju.
Da Secult/SE
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