No dia em que se comemorou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, as internas do Presídio Feminino (Prefem) ocuparam o palco do Teatro Atheneu e encenaram o texto ‘As violetas são belas, as abelhas, violentas’, de autoria do agente prisional e idealizador do Projeto Penarte, Cláudio Viana. O projeto inclui oficinas de teatro, dança, poesia, música e circo, e para a apresentação, recebe o apoio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e da Secretaria de Estado da Justiça e de Defesa ao Consumidor (Sejuc).

Coordenador artístico do Penarte, o ator e diretor Ivo Adnil, ressalta que a atuação das 40 internas está diretamente relacionada à seleção de 40 poemas do livro ‘Poemas Sem Nome’, de Viana. “O espetáculo foi montado com base nesses poemas, sendo seis musicados. Além das internas, conta com a atuação de 16 artistas voluntários, entre eles o percussionista Ton Toy e João Araújo”, explicou Ivo Adnil, que também contracena com as internas.

A saída das internas do presídio foi concedida após solicitação junto ao Juiz da Vara de Execuções Criminais e já é sinônimo de casa cheia. “A experiência de conviver com a arte tem sido maravilhosa. Já coleciono minha segunda apresentação e quando sair do presídio, pretendo dar continuidade aos estudos na área das artes cênicas”, garantiu Endira Santos, interna há um ano e dois meses.

Atento a cada ato do espetáculo, o jovem Wisley Santana aguardava o momento em que a esposa Cícera Maria Santos, interna há um ano e cinco meses, entraria em cena. “É a primeira vez que prestigio uma apresentação teatral em que Cícera participa e já considero a atividade produtiva. Ela gosta do que faz no palco”, conclui o esposo da interna.

Shakespeare

O espetáculo ‘As violetas são belas, as abelhas, violentas’ contou ainda com uma homenagem ao poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare. “Ano que vem temos a comemoração dos 450 anos do nascimento do dramaturgo e, por isso, faremos uma intervenção no foyer do teatro com sete sonetos da sua autoria. A proposta é levar até as internas, poesia de qualidade e textos mais rebuscados, que estejam fora do cotidiano delas”, acrescentou Adnil.

Da Secult/SE