Por Raissa Cruz

"Temos o que comemorar no sentido do que conseguimos fazer pelo paciente, principalmente quando conseguimos salvar vidas. Mas quanto ao sistema de saúde existente não temos nada o que comemorar. Temos é que reivindicar e cobrar melhor estrutura de trabalho, melhores salários e pagamentos em dias", é com essas palavras que o presidente do Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindimed), Dr. João Carlos Augusto, que assumiu o sindicato nesta terça-feira, definiu, ao Universo Político.com, o sentimento de toda a categoria médica. Segundo ele, os médicos de Sergipe estão dependentes do Ministério Público (MP) para conseguir algum retorno às reivindicações que fazem. E ressalta que, em certa ocasião, a categoria precisou de uma governadora médica, a deputada Angélica Guimarães (PSC), para receber os salários do Estado que estavam em atraso.

"O sindicato dos médicos desde 2000, quando Déda ainda era prefeito, nunca foi recebido pelo governador. Foi preciso existir uma médica que teve a oportunidade de assumir o Estado como governadora, a deputada Angélica, para que fosse pago os salários dos médicos que estavam com mais de três meses de atraso", afirmou Dr. João Carlos, referindo-se ao período, no final de Julho, quando o governador Marcelo Déda (PT) e o vice Jackson Barreto (PMDB) precisaram viajar, e a presidente da Assembleia, deputada Angélica Guimarães, assumiu interinamente o Estado.

"Déda diz que assumiu a cadeira da saúde, mas está faltando o principal que é o diálogo com a categoria. Ele precisa sair um pouco das salas governamentais e conferir de perto o que está acontecendo, ouvindo a categoria, vendo os hospitais do Estado que estão em reformas que já duram mais de cinco anos", cobrou ele. O sindicalista chamou ainda o governador e os gestores da saúde de "incompetentes", e comentou a necessidade de se recorrer ao MP sempre que os médicos precisam resolver um impasse com o Estado.

"O que a gente mais percebe é que quando os médicos fazem denúncia os governantes dizem que é mentira, ou nos acusam de não estarmos trabalhando direito. Mas quando o assunto chega ao Ministério Público e tudo é apurado, fica comprovado que os médicos têm razão. Então, estamos judicializando as questões da saúde por conta da incompetência dos governantes e gestores da saúde", disse ele lembrando que a questão da falta de pagamento aos anestesiologistas só foi resolvida quando os médicos acionaram a Justiça. Segundo ele, muitas vezes nem o próprio Judiciário dá a sustentação completa. "O Ministério Público dá entrada em uma ação com multa, e o judiciário e acata a ação, mas tira a multa. Então o gestor se vê livre da responsabilidade de cumprir com a determinação", reclamou ele.

Neste Dia dos Médicos, o Sindimed exibiu uma propaganda denunciando o caos vivido no Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com ele, a propaganda retrata exatamente a principal preocupação dos médicos neste dia, que deveria ser de plena comemoração: "o descaso com a saúde da população, principalmente com a classe carente que depende do serviço público. O povo está angustiado de um lado e o médico de outro. E a fala de todos os governantes e parlamentares, até neste Dia do Médico, é que se precisa de mais investimento na saúde. Mas a maioria desses que falam não têm procurado mecanismos para aumentar a receita da saúde. Ficam só na fala", lamentou Dr. João Augusto, prometendo uma gestão no Sindimed ativa como a do ex-presidente Dr. José Menezes. A nova presidência, que foi eleita por unanimidade, cumpre o mandato até 2014, quando haverá uma nova eleição no sindicato.

Da redação Universo Político.com