Por Thiago Paulino
Brasil. País que vive um período de transição. Quem tem filho adolescente sabe muito bem que transição é algo não tão fácil de atravessar. A garotada cresce, vem aquela chuva de emoções fortes (provocada pelos hormônios, insegurança própria da idade) e às vezes é empurrada para a vida adulta sem ainda ter amadurecido.
A democracia brasileira e por consequência a cidadania do brasileiro também está buscando amadurecer. Tivemos aí uma longa interrupção durante o a Ditadura Militar no nosso agir político como um todo. Quando a democracia voltou, ficamos muitos anos (digo isso de uma forma geral) reduzindo nossa participação política ao voto obrigatório. Mas um dia a vida cobra... Como tudo são ciclos, as consequências de apenas participar votando uma hora chegariam. Em junho de 2013 entramos na "adolescência". Protestos e muitos protestos vieram em seguida, mas precisamos afinar esse agir político nas práticas do cotidiano. Criar novos hábitos. Quando votamos, entregamos uma carta em branco para os representantes, mas o problema é que não criarmos hábitos de fiscalizar e acompanhar melhor a atuação dos nossos "representantes". Formas de prestação de contas para a população é algo fundamental para estreitar esse laço.
Vivemos em um país que começa a perceber que do jeito que está não dá e não pode mais. Mas ainda precisamos fazer mais a nossa parte para mudar esse cenário. Estamos começando a perceber que é necessário amadurecermos politicamente para mudar enquanto país. E buscando refletir como podemos instigar ainda mais nossa cidadania política, caro cidadão, pensei em 3 dicas:
1. Fuja dos posicionamentos extremos e não compre discursos prontos. Por mais que tenhamos inclinações que pendam para um deles, cheque informações e não repasse de imediato (na dúvida é até melhor silenciar). É preciso criar mais pontes e buscar soluções práticas, do que acirrar debates e ofensas. Não incorpore discursos como: "A culpa da corrupção é PT" ou "Lula foi quem tirou o povo da miséria". O problema dos discursos prontos é que eles nunca enxergam nuances importantes, não buscam entender mais profundamente a questão e podem até ter alguns fragmentos de verdade. Por exemplo, houve corrupção no governo do PT e os programas sociais e aberturas de universidades ajudaram muitas pessoas a sair de uma condição social desfavorável. Mas percebam que há uma diferença entre usar essas informações para olhar um todo que é mais complexo e requer mais esforço na busca de soluções. Para fugir dos discursos prontos busque informações, leia, observe e principalmente reflita. Os programas como bolsa família e a construção de universidades são méritos todos do Governo? Será que a sociedade também não pressionou? Eles são suficientes? E a corrupção? Se o PT for extinto, ela acaba? Será que todos no Partido dos Trabalhadores concordam com práticas ilícitas? Parta dos seus questionamentos... isso é busque a reflexão.
2. Crie pontes e aprenda debater politicamente de forma respeitosa. Não deixe a emoção falar mais alto principalmente com quem não conhecemos na internet (a falta do face a face não nos dá o direito de agredir ninguém). Culturalmente somos torcedores... mas política não é final de Confiança X Itabaiana ou Fla X Flu. Discutir política é essencial, porém mais essencial ainda é o respeito ao próximo. É bom um certo grau de frieza para pensar nos argumentos colocados e buscar o bom senso nas respostas. Já vi amizade quase sendo desfeita por causa de radicalismos ideológicos. Não precisa-se converter ninguém. Saber dialogar e entender o argumento é uma forma de ampliar a visão e crescer na concepção política.
3. Participe, conheça e fiscalize - a amadurecimento político vem como uma maior participação da cidadania. Perceber que construir soluções requer trabalho de muitos. Como anda a escola no meu bairro? Como o vereador eleito está atuando? Fiscalize e se informe como os políticos - os nossos servidores - estão honrando seus salários. Temos que mudar outro hábito cultural de reclamar dos políticos, ver somente o erro no outro. Mude o disco da reclamação para o da ação (nem que a ação seja pressionar um gestor junto com a comunidade por conta da falta de um remédio em um posto). Pesquise iniciativas de pessoas quem vem cotidianamente trabalhando por um Brasil melhor (e acredite são muitas e nos deixam com o coração cheio de esperança). O campo de trabalho é vasto e se abrir o coração, vão surgir oportunidades de fazer a diferença nesse cenário.
São três dicas, instigado cidadão! Vamos em frente... temos muito trabalho nesse país que vai muito mais além do que Lula e Moro.
*Thiago Paulino é aracajuano, jornalista, roteirista e editor de texto. Jornalista pós graduado em Jornalismo Cultural e Mestre em Mídia e Cultura. Colunista do NaPolítica com a Cidadania Instigada.
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