Parlamentares da comissão externa da Câmara dos Deputados que discute ações de combate ao novo coronavírus demonstraram preocupação com entraves para a produção e a distribuição de uma vacina contra a Covid-19 no Brasil. Em videoconferência nesta quarta-feira (27), deputados e pesquisadores reclamaram da burocracia para importar produtos de pesquisa e também do fato de o País não ter sido convidado para a iniciativa global de produção de uma vacina.
“O Brasil precisa participar de pesquisas e investimentos, criar uma rede que amplie nosso desenvolvimento de vacinas”, afirmou o coordenador da comissão externa, deputado Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr (PP-RJ). “Vamos questionar a OMS [Organização Mundial da Saúde] sobre por que o Brasil não participa do projeto de desenvolvimento da vacina.”
O deputado Alexandre Padilha (PT-SP) também se disse preocupado com “a postura atual do País, praticamente excluído da mesa de negociação”. “O Congresso Nacional tem que assumir um papel sobre isso, ajudar a posicionar o Brasil”, defendeu.
Por sua vez, o deputado General Peternelli (PSL-SP) ponderou que a comunidade científica não é política, mas técnica. “A OMS tem que superar esses aspectos e manter a troca do conhecimento técnico. A comunidade científica não pode ter fronteiras”, declarou.
Vacina própria
Na opinião do diretor do Laboratório de Imunologia do Incor e ex-diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, o Brasil, se acreditar, pode fazer uma vacina inovadora e diferente das outras. O problema, segundo ele, é a burocracia do Estado brasileiro, “que é terrível”.
“Neste momento de crise, tínhamos que importar reagentes e materiais sem que isso passasse semanas na Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]”, criticou. “Produtos de pesquisa não são para utilização clínica. Há intercâmbio. É muito rápido entre laboratórios. É importante que isso venha rapidamente para o laboratório e não fique esperando sanção no aeroporto”, observou.
Dr. Luiz Antonio informou que o presidente Jair Bolsonaro deverá sancionar em breve um projeto de lei (PL 864/20) de autoria da comissão que dá 72 horas para a Anvisa autorizar o uso no Brasil de produtos de combate ao novo coronavírus validados por autoridades estrangeiras.
Perspectivas
Na audiência, representantes de empresas farmacêuticas trouxeram as novidades relativas ao desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19. No momento, há inúmeros estudos conduzidos por diversos países e as perspectivas mais otimistas dão conta de uma vacina pronta para aplicação ainda neste ano.
O presidente da Pfizer Brasil, Carlos Murillo, destacou o trabalho em conjunto feito por diferentes empresas para acelerar o processo. “Se todos os testes continuarem avançando, já temos expectativas de ter os primeiros milhões da vacina disponíveis para finais de 2020, estamos falando de outubro e novembro”, afirmou.
Os estudos baseiam-se em novas tecnologias a fim de acelerar a produção da vacina, que convencionalmente fica pronta depois de anos de pesquisas. As explanações feitas na videoconferência trataram principalmente de vacinas baseadas em RNA mensageiro, o que seria uma novidade no setor. São vacinas desenvolvidas a partir do código genético do vírus e não, como é padrão, de uma versão inativada dele.
“Essa tecnologia vai nos permitir uma alta potência e uma alta capacidade de produção. Vamos gerar uma resposta de defesa adequada sem usar o coronavírus. A gente copia o material genético dele para fazer com que a célula produza anticorpos”, explicou a diretora médica da Sanofi Pasteur - Brasil, Sheila Homsani.
Os representantes dos laboratórios destacaram, por outro lado, a importância de parcerias com governos e outros centros de pesquisa locais para garantir a produção da vacina nas quantidades que o mundo necessita e o acesso da população a elas.
“No momento, a companhia não tem nenhuma decisão de onde vai ser distribuída a vacina, em que países. Vamos identificar os países que mais precisam e os grupos de melhor resposta e, com base nisso, tomar a decisão com as autoridades dos países”, disse Carlos Murillo.
Segundo ele, a empresa já tem conversado com o governo brasileiro para assegurar que o Brasil esteja dentro do grupo dos países a se beneficiar rapidamente dos avanços.
Possíveis parceiros
No Brasil, possíveis parceiros para a produção da vacina seriam o Instituto Butantan e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O diretor de Bio-Manguinhos, Mauricio Zuma, no entanto, alertou que, para participar de uma parceria, os pesquisadores do instituto precisam conhecer detalhes do processo produtivo, a fim de identificar bem as capacidades brasileiras. Isso porque a produção de uma vacina envolve diferentes condicionantes, como tipo de frasco, doses por seringa, temperatura para conservação e a própria tecnologia.
“Não temos preferência por nenhuma empresa. O Ministério da Saúde que vai decidir em qual vacina vamos entrar e se teremos condições de fazer mais de uma parceria”, informou Zuma. A depender do caso, disse o diretor, o instituto só conseguiria produzir a vacina se receber o ingrediente para fazer a parte final.
Por sua vez, Jorge Kalil, do Incor, disse não acreditar em uma vacina antes de meados do próximo ano. Para ele, a tecnologia que está sendo testada na vacina contra Covid-19 seria uma complicação a mais nesse processo.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
saiba mais
-
06/10 - 12:45 - Eleições: Saiba como justificar ausência
06/10 - 12:38 - Eleições 2024: relembre as regras para o dia da votação
05/09 - 20:46 - SUS passará a custear novo remédio para tratamento de neuroblastoma
05/09 - 20:43 - STF pode retomar julgamento de recursos sobre revisão da vida toda
29/07 - 20:36 - TRE-SE determina a suspensão da anotação de órgão partidário
29/07 - 20:30 - Sistema de transporte intensifica fiscalização sobre o uso indevido dos cartões de gratuidade
29/07 - 20:11 - Secretarias de Estado da Saúde e da Educação se unem no combate ao mosquito da dengue
29/07 - 20:02 - Dez milhões de brasileiros têm a nova Carteira de Identidade Nacional
29/07 - 20:01 - Vôlei feminino estreia com vitória
26/07 - 06:17 - Ministério da Saúde confirma duas mortes por febre oropouche