A segunda sessão extraordinária desta quarta-feira (17) foi encerrada após um tumulto generalizado no Plenário da Câmara dos Deputados, provocado pelo noticiário relacionado à Operação Lava Jato. Segundo a versão on-line de O Globo, donos do frigorífico JBS apresentaram gravações envolvendo o presidente da República, Michel Temer, e o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB.
De acordo com o noticiário, os irmãos Joesley e Wesley Batista prestaram depoimentos entre abril e maio. Em gravação de áudio, Temer teria sido informado por Joesley sobre pagamentos pelo silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha e do empresário Lúcio Funaro, ambos preso na Lava Jato. Além disso, a Polícia Federal acompanhou a entrega de dinheiro, pela JBS, a intermediário de Aécio – situação gravada em vídeo pelos investigadores, que monitoraram ainda o caminho do dinheiro. Os empresários, que também mencionaram o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, já teriam confirmado os depoimentos ao ministro Luiz Edson Fachin, responsável no Supremo Tribunal Federal (STF) pela Lava Jato.
Assim que essas notícias foram veiculadas pela internet, diversos parlamentares usaram a tribuna do Plenário para comentar o caso. A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) afirmou que a Câmara não poderia votar MPs “editadas por um governo desmoralizado por toda a mídia”. Diante de gritos “Fora Temer”, "Diretas já", e do tumulto em Plenário, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, encerrou a sessão.
Pedido protocolado de impeachment
O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) protocolou na noite desta quarta-feira (17), na Secretaria-Geral da Mesa, um pedido de impeachment de Michel Temer por crime de responsabilidade. No Salão Verde, deputados da oposição pediram a renúncia imediata de Temer e a convocação de eleições diretas para a Presidência da República.
Na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), o deputado Esperidião Amin (PP-SC), relator da admissibilidade da proposta que permite eleições diretas para a Presidência da República (PEC 227/16), apresentou pedido de urgência para a votação no colegiado. De acordo com o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), o requerimento pode ser analisado pela CCJ já nesta quinta-feira (18).
À noite, deputados da oposição se reuniram para definir uma estratégia conjunta de ação – novo encontro está marcado para a manhã desta quinta-feira. No mesmo momento, parlamentares da bancada governista participaram de reunião no Palácio do Planalto.
Em nota, Temer reagiu ao noticiário. “O presidente defende ampla e profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados”, diz o texto. Aécio, também em nota, rebateu as informações e disse estar “absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos”.
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