(Foto: Divulgação)
A preparação começa bem antes do mês de fevereiro, quando se aproxima, as metas e as responsabilidades sempre ganham uma nova desculpa, “deixa para depois do carnaval”. Alguns viajam para as grandes festas carnavalescas do país e mandam uma enxurrada de fotos e vídeos pelas redes sociais. Outros aproveitam para sair da cidade e ir em busca do sossego da praia ou do campo. A cidade fica vazia e nas ruas não ecoam tão forte o barulho dos motores e das buzinas. A cidade aproveita para tirar sua folga.
A rua é espaço do acontecimento, do real, das contradições e também do imaginário humano, nela se concretiza os desejos e os pesadelos de muitos e o principal agente desse espaço são as pessoas. São elas que influem no ambiente e transformam o espaço dando vida aos acontecimentos e transformando a paisagem urbana. É essa transformação da paisagem que o carnaval, as pessoas e as ruas faz repercutir em muitos a vontade de festejar e os problemas pessoais e financeiros abrem alas para as fantasias e diversão.
A rua que antes era apenas o local de passagem, no carnaval, é o lugar da troca de olhares, do calor humano do primeiro beijo e do mais novo amor. As esquinas viram banheiros, as calçadas viram lanchonetes e as pessoas vivem felizes e em harmonia. Porque no carnaval tudo é paz e diversão!
Em Aracaju, com o término da prévia carnavalesca que ocupava a avenida de grande fluxo na região nobre da cidade com os seus trios elétricos e uma multidão que seguia as grandes atrações nacionais, surgiram os blocos ou carinhosamente chamados de “bloquinhos” de rua. Organizados por bares e restaurantes eles vão para os bairros e se espalham de forma democrática e livre. Uma nova roupagem aparece e as ruas com características domiciliares recebe o “mar” de gente com o único desejo de festejar. É lindo ver aquele monte de gente cantando a mesma música e na mesma sintonia.
Um fato é que o carnaval mostra como a rua pode ser de todos, para todos e que a liberdade de um não confronta com a do outro. Uma pena que seja apenas por poucos dias e na quarta-feira de cinzas o barulho dos motores e as buzinas apressadas voltam ferozmente para a cidade e a normalidade caótica se apresenta como um sopro de desespero para aqueles que desejam que a rua seja apenas o espaço das pessoas e dos bons encontros.
Ahhhh se todo dia fosse carnaval!!!
*José Waldson Costa de Andrade, geógrafo e Mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Associado da ONG Ciclo Urbano e Diretor de Meio Ambiente da Sociedade Semear. E escreve sobre a vida urbana para o portal Na Política.
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