Moraes e o filho. Foto: divulgação
“O negócio foi tão bom, que com apenas nove músicas pegou, e é sucesso até hoje”. A frase despretensiosa de Moraes Moreira tem feito plateias vibrarem na Turnê “40 anos de Acabou Chorare”, em comemoração ao álbum lançado em 1972 pelo grupo Novos Baianos, do qual ele fazia parte. Uma homenagem a uma das maiores relíquias artística do país, que promete se eternizar pelas gerações de juventudes. Esse propósito tem sido reafirmado nos palcos de cidades brasileiras, por Moares acompanhado do filho o músico Davi Moreira, que nasceu no ano seguinte do lançamento de Acabou Chorare.
A turnê, que iniciou em 2012, esteve em setembro de 2014 em Aracaju, quando então tive a oportunidade de entrevistar Moraes, rapidamente, mas o suficiente para ouvir que Aracaju lhe atrai a ficar de boresta na cidade, e que Novos Baianos foi, de fato, um movimento criador de uma filosofia de vida. Confira no áudio (com umas fotinhas nossas também):
O show em Aju em um carinho aparte
Ou Moraes Moreira manteve seu entusiasmo dos anos 70 até os dias atuais, ou a passagem da turnê 40 Acabou Chorare em Aracaju foi feita com um carinho especial. Fui assistir com minha irmã e uma amiga e, pelo menos em nossa memória, sobre a noite do dia 03 de setembro de 2014 no Teatro Tobias Barreto, ficou a lembrança de que embora com a voz já rouca, dos seus 66 anos de idade, o antigo integrante do Novos Baianos fez questão de cantar e tocar todas as músicas do álbum e outras mais com a apreciação de quem parecia fazer de cada uma delas um show particular.
O instigante cavaquinho de “Preta Pretinha”, a guitarra quente de “Tinindo Trincando, o samba de “Swing de Campo Grande”, e o agito de “Besta é tu” não foram maiores nem menores do que o arrepio inevitável diante do coral do público cantando com Moraes e seu filho Davi o “Mistério do Planeta”.
A emoção também tomou o teatro enquanto se tocava “Brasil Pandeiro”, que seguida ainda de “Aquarela do Brasil”, de João Gilberto, soaram como um hino brasileiro. Em “Brasil Pandeiro” e a “A Menina Dança”, a recordação da voz de Baby Consuelo, bateu forte, e se ouvia alto a mulherada tentando relembrar o tom da cantora.
Brilhantismo a parte também foi Davi Moreira resgatando o talento de Pepeu Gomes, quando se destacava com sua guitarra ao tocar “Um bilhete pra Didi”. O próprio Davi não conteve a empolgação e desceu do palco para tocar no meio do público, que já havia abandonado as cadeiras do teatro para curtir de pé, dançando. E para a estrela da noite, a canção Acabou Chorare, Davi também teve grande participação, fazendo um belo dueto com o pai. Tudo isso na companhia de uma banda que trazia, entre outros especialistas, o baterista Jorginho Gomes, ex-Novos Baianos também.
O show rendeu ainda marchinhas de carnaval e frevo. Sem dúvidas, trazendo a memória de outros ex-integrantes do grupo, como o vocalista Paulinho Boca de Cantor, o baixista Dadi e o compositor Luiz Galvão. Acabou Chorare foi o segundo, e mais aclamado, dos discos de Novos Baianos, e esteve em primeiro lugar na lista dos 100 maiores discos da música brasileira, avaliada pela revista Rolling Stone. Sob a influência de João Gilberto, o pioneiro da bossa nova, Novos Baianos carregou marcas do samba, do rock, do tropicalismo, e continua encantando até hoje, mesmo depois de seus integrantes passarem a seguir cada um o seu caminho.
A turnê dos 40 Anos do álbum com Moraes e Davi, patrocinada pela Petrobrás, se encerrou em dezembro de 2014, depois de dois anos de estrada por 11 cidades do Brasil. PS: O único fato questionável da turnê, fora do mérito dos artistas, obvio, é por que em um projeto intitulado Petrobras Cultural, patrocinado pela maior estatal do país, cujo maior acionista é o Governo do Brasil, os ingressos custam R$ 80, cada inteira? Êê, Brasil.
Ouça o lindo álbum completo Acabou Chorare e divirta-se:
*Raissa Cruz, jornalista, editora do portal NaPolítica, mas amante do universo cultural.
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