Em continuidade sobre a implantação de Frota de Bicicletas em empresas nesta segunda parte do texto será abordado sobre operação da frota e definição sobre uso e manutenção do serviço. Para que a operação da frota ocorra de forma constante e crescente é importante que os colaboradores sejam incentivados e capacitados para se locomover na cidade de bicicleta, por isso é necessário treinamento constante sobre os deveres e direitos dos ciclistas estabelecidos no Código de Trânsito Brasileiro e incentivar aqueles que tem medo de encarar a cidade e o trânsito de Aracaju a ocuparem as ruas de bicicleta.
Na nossa cidade existe vários grupos que incentivam e fazem passeios semanais para os diversos tipos de pedaladas (passeio, cicloturismo, competição) além da Escola Bike Anjo que mensalmente realiza atividades de formação de novos ciclistas e ensinam, aos que já sabem, a pedalar a perder o medo do trânsito. Mas para o contexto empresarial é necessário que estes grupos ou escolas realizem atividades constantes e com cronograma definido afim de estabelecer uma rotina de capacitação e geração de novas demandas para o serviço.
Contra o velho discurso que andar de bicicleta é perigoso estudos em diversos países da América do Sul mostram que quanto mais bicicletas nas ruas, mais seguro se torna a sua locomoção. A Associação Médica Britânica ressalta que os benefícios superam os riscos envolvidos numa relação de 20 para 1, isto quer dizer que a partir do momento em que esta prática se torne uma constante em várias empresas o risco de acidentes envolvendo colaboradores por acidentes relacionados a locomoção casa/trabalho – trabalho/casa deve reduzir de 20 para 1 acidente. Na nossa realidade esse número pode ser bem maior, pois a quantidade de acidentes de trânsito comparando o Brasil com a Inglaterra é bem maior.
Para que haja uma melhor quantificação e análise de riscos o livro Frota de Bicicletas lançado no Brasil em 2014 com a realização da ONG Transporte Ativo e patrocinado pelo Banco Itaú apresenta uma planilha muito importante para ser elaborada com todos os colaboradores e os altos cargos das empresas.
Fonte: Frota de Bicicletas pág 46. Transporte Ativo. Rio de Janeiro.2014.
Feita a identificação e classificação de nível esta publicação sugere que seja elaborado uma matriz de riscos na qual apresento abaixo.
Fonte: Frota de Bicicletas pág 47. Transporte Ativo. Rio de Janeiro.2014.
É importante realizar o cruzamento dos níveis 1 a 4 da matriz de risco com a Tabela dos Riscos apresentado anteriormente. O objetivo da elaboração desta tabela e da matriz é estabelecer medidas específicas para reduzir e eliminar os riscos identificados.
Outro investimento importante é realizar o seguro das bicicletas e dos usuários. É adequado realizar um seguro específico para roubo ou furto e de lesão ou de acidentes pessoais. As bicicletas compartilhadas existentes em Aracaju – Caju Bike – possui esse seguro e o custo é pago pelo usuário conforme as regras estabelecidas na locação da bicicleta. Cabe reforçar que é importante a discussão com os colaboradores sobre o uso da bicicleta fora do horário de trabalho e em atividades pessoais.
Tendo a definido sobre as questões de seguro contra roubo e acidentes, a promoção e divulgação deste serviço na sua empresa é fundamental para o seu sucesso. Algumas empresas oferecem recompensas salariais ou atividades recreativas para o colaborador e a sua família que usam o serviço constantemente, outras empresas organizam grupos de pedaladas com propósito de conhecer melhor a cidade ou cursos de aprimoramento sobre mecânica da bicicleta. Além destas, cabe ao grupo envolvido sugerir outras formas para o gestor sobre as recompensas que devem ser oferecidas.
Sabe-se que não é um bicho de sete cabeças montar uma frota de bicicletas na sua empresa, primeiro de tudo é necessário uma mudança de concepção interna em todos os níveis hierárquicos da empresa para que esta ação possa dar certo e muita força de vontade estabelecer este serviço como mais uma opção de transporte.
O investimento financeiro é revertido a curto e médio prazo sem contar com os benefícios de melhor rendimento do trabalho ocasionado pela atividade física e presença do colaborador e da sua família na sua empresa. Então empresários e empresárias, quer mostrar que sua empresa se preocupa com a nossa cidade e com os seus colaboradores? Que tal pensar nas bicicletas?
*Waldson Costa - Licenciado em Geografia e curioso por natureza, Waldson Costa é educador, cicloativista e membro da Organização Ciclo Urbano. Ele atua na área de educação ambiental e mobilidade urbana por bicicleta a 6 anos. E é colunista NaPolítica sobre Vida Urbana.
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