A leveza para a dança de salão é transmitida de forma ainda mais intensa quando os emissores são os dançarinos da Loucurarte. Mostrando que a deficiência não é barreira, a companhia de dança e teatro toca o público ao se embalar em qualquer que seja a melodia. A essência de suas apresentações vai além dos passos estrategicamente pensados para desenrolar um ritmo até em uma cadeira de rodas. A cadeirante Cléia Passos, que participou nestes últimos dois anos de dois campeonatos brasileiros de dança, mostra que suas expressões corporais ignoram supostos limites. “Eu me entrego dançando, e ali só penso em dar o melhor de mim, mostrando para a sociedade que sou capaz. Eu busco surpreender a muitos que andam, mas que às vezes se escondem atrás dos obstáculos que a vida impõe”.
O Loucurarte nasceu de um dos projetos do Ponto de Cultura Albertina Brasil por iniciativa da Associação Luz do Sol, que atende às pessoas com deficiência. A mistura de “loucura” com arte não está somente no nome, o propósito do grupo passa também por levar a cultura através das formas de dança mais inusitadas. O organizador do Loucurate, Charles Lima, pode confirmar isso: “utilizamos a dança, o teatro e a música para mostrar a arte com um pouco de loucura, não só para os casos de pessoas com insanidade mental que podem dançar também, mas principalmente para aqueles que, mesmo com deficiência, estão dispostos a explorar o que seu corpo pode fazer para a arte. E, com isso, ainda socializamos as pessoas com deficiência”.
De fato. A Associação Luz do Sol atende deficientes visual, auditivo, mental, cadeirante, mas a alegria das parcerias nas apresentações do Loucurarte está muitas vezes na troca de experiência com pessoas que não têm deficiência. “Eu aprendo muito com a participação no Loucurarte. É uma experiência nova com o propósito de inclusão que me chamou atenção”, comentou o dançarino Rodrigo Cardoso, que já trabalhava com o balé folclórico.
Ele destaca a necessidade do olhar da sociedade para o empenho das pessoas com deficiência. “Os dançarinos da Loucurarte mostram motivação, e isso mexe com a gente. A companhia conta com pessoas de cidades diferentes, como a Cléia, que vem de Itabaiana, outros de Glória, Itabaianinha e Monte Alegre, e sempre nos reunimos em Aracaju de 15 em 15 dias na casa do fundador da Luz do Sol, Messias Cordeiros, porque a associação ainda está lutando para a construção da sua sede própria, que contará com um espaço apropriado para o Loucurarte. Então, é preciso que a sociedade reconheça essa ação social para que continue crescendo”, ressalta o dançarino.
Em suas últimas apresentações, o Loucurarte esteve na Semana da Acessibilidade em Aracaju, em alguns eventos da Secretaria de Estado da Educação e do Ponto de Cultura Albertina Brasil pelo estado. Tudo com a produção do coreografo, figurinista e maquiador Jean Cordeiro.
No vídeo, os dançarinos Rodrigo Cardoso e Cléia Passos, que, representando Sergipe, conquistaram este ano o 2º lugar no Campeonato Brasileiro de dança com cadeira de rodas, em Belém do Pará, dançam com exclusividade para os internautas do Universo Cultural.
Aqui a Companhia Loucurarte se apresenta pelo Ponto de Cultura Albertina Brasil
*Raissa Cruz é editora do Universo Político.com, e embora atue principalmente como jornalista política, traz nesta coluna a vertente cultural que muito aprecia.
saiba mais
-
17/03 - 15:46 - Ruas de Ará e a homenagem à capital sergipana
04/03 - 13:16 - Graciosidade e inspiração na Exposição de Mandalas de Maili Lantyer
25/01 - 11:57 - Uma israelense desprendida no Brasil
25/01 - 11:44 - E nunca acabou o Acabou Chorare
30/05 - 00:49 - “Aqui e agora sou muitos”, Marcelo Déda. Obra homenageia governador
02/05 - 00:31 - Surubis Culturalis: 4 bandas, teatro e bazar de uma só vez
01/05 - 23:52 - Um Nu Escuro marcante
01/05 - 23:42 - Hamlet no Teatro Lourival Batista
13/11 - 03:56 - Totalmente Loucurarte para expressão corporal sem limites
10/11 - 12:42 - Cultura, negritude e arte: 8ª Mostra Pluriartística do Novembro Negro em Sergipe