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ESPINOZA

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O indígena, o rural e a pobreza

Na América latina, as povoações indígenas, comportam uma porcentagem significativa dos pobres rurais, que vivem na periferia em zonas marginais e com freqüência carecem de terra. De acordo com a Patrinos, representam ao redor de 27% da população rural. Um estudo realizado sobre pobreza rural demonstra que em 11 de 18 países a população indígena aparece entre os grupos pobres rurais.

 

Existe uma forte alienação funcional e educacional. A maioria dos indígenas ainda utiliza sua língua nativa e não pode comunicar-se em espanhol, por exemplo, 70% dos bolivianos das zonas rurais se comunicam em quíchua ou aimará. No Peru, onde a maior parte da população é indígena, 70% de mais de cinco anos de idade que fala quíchua, nunca foram à escola, em comparação com só 40% no caso dos peruanos não indígenas. De acordo a Hernández (1998), citado em Patrinos (1998), na Argentina, 56% dos mapuches não vai à escola, em comparação com 7% no caso da população não indígena.

 

Na Guatemala e na Bolívia, existe uma estreita relação entre educação, ingresso e o fato de ser indígena. Se determinou que ditas povoações têm níveis inferiores de rendimento da escolaridade que os não indígenas Psacharopoulos, (1993). Nos casos do Peru e a Guatemala, existem muitos aspectos desconhecidos aproximados das atividades trabalhistas dos indígenas. Especialmente aqueles que residem e trabalham em zonas rurais, com frequência se consideram equivocadamente como desempregados ou subempregados.

 

Na maior parte de países as povoações indígenas têm taxas de mortalidade muito maiores que os promédios nacionais. No Peru, a taxa de mortalidade infantil é de 169 por cada 1.000 nascidos vivos, em comparação com 269 por cada 1.000 nascidos vivos no caso da população indígena. Na Bolívia, a taxa nacional da mortalidade de crianças menores de cinco anos por cada 1.000 nascidos vivos é de 122 para os hispano falantes e de 186 para as pessoas que falam língua indígena.

 

Na atualidade, uma das explicações que se dão a este fenômeno, na América Latina, é que em diferentes países sempre predominou uma visão dualista da sociedade: o rural e o urbano, o agrícola e o industrial, etc, dando como resultado, um setor privilegiado em prejuízo de outro, a visão do urbano a que se impôs como símbolo da modernidade, do desenvolvimento e em geral do novo. Esta visão do mundo se baseava no predomínio da indústria com assentamento urbano e a transformação da sociedade rural ao ritmo das mudanças tecnológicas que se adaptavam na agricultura, submetida também a um processo de industrialização.

 

Figueroa em uma de suas conclusões do afastado país, onde a proporção da população indígena é mais alta e mais desigual, afirma que o núcleo da pobreza se encontra nas povoações indígenas. Parece muito claro que as povoações indígenas constituem os grupos mais pobres na América Latina. E como estão dotadas dos mais baixos bens econômicos, políticos e culturais.

 

Em resumo, devido à visão dualista que se reproduziu nas sociedades latino-americanas se pode dizer que existe uma estreita relação entre pobreza, indígenas e o rural, o que, por sua vez, é dado como resultado a exclusão de um determinado grupo étnico.

 

Fran Espinoza é Politologo, graduado na Universidade Rafael Landivar (Guatemala), Mestrado em Estudos Internacionais de Paz, Conflito e Desenvolvimento, Universidade Jaume I, Castellón (Espanya), doutorando em Estudos Internacionais e Interculturais, Universidade de Deusto, Vizcaya, Espanha. Contatos: espinoza.fran@gmail.com

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