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SERGIPE -
Pesquisa de médicos sergipanos reforça insegurança gerada por transporte por moto
Pesquisa de médicos sergipanos reforça insegurança gerada por transporte por moto

Diante do grande número de acidentes motociclísticos registrados no Estado e do alto índice de internação na ala ortopédica do Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE) também envolvendo esses casos, três médicos sergipanos desenvolveram uma extensa pesquisa para caracterizar o perfil dos pacientes submetidos a cirurgias no hospital. O estudo, desenvolvido pelos médicos Reuthemann Ezequias, Mário Costa Vieira Filho (especialistas em ortopedia traumatologia) e Gabriel Mattos Gois (clínico geral) ocorreu entre o período de maio a setembro de 2018, quando foram analisadas variáveis relacionadas às vítimas e aos acidentes, entrevistando 295 pacientes, sendo 265 homens e 30 mulheres. Desses, 86,8% estavam conduzindo a moto no momento do trauma e 61,4% não tinham sequer permissão legal para dirigir.

Segundo a pesquisa, os acidentes de trânsito representam a principal causa de morte não natural e atingem, principalmente, uma população jovem e economicamente ativa, dos quais mais de dois terços são homens. “É importante ressaltar a crescente ocorrência de acidentes motociclísticos, que levam a quase metade de todos os óbitos ocorridos no tráfego”, descreve a pesquisa.

O estudo confirma índices já pesquisados, que revelam que o perfil das vítimas é de adultos jovens, do sexo masculino, com pouca experiência como condutor e que dirigem motocicletas de baixa potência, sem os equipamentos de proteção individual adequados, levando a lesões em esqueleto apendicular, predominantemente. O tipo de acidente mais comum foi a colisão (71,7%) e os segmentos mais acometidos foram os membros inferiores (88,4%). Foram ainda encontradas fraturas expostas em 141 pacientes (47,7%), sendo a perna o segmento mais lesionado (55,3%)”, revela a pesquisa.

Apesar das supostas vantagens individuais no que tange a locomoção e custos de operação, a motocicleta apresenta impactos negativos ainda maiores, dos pontos de vista social e ambiental, que outros veículos motorizados. Outra desvantagem são custos com acidentes representando um valor até 19 vezes superior ao apresentado por outros veículos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o número de óbitos em acidentes motociclísticos cresceu quase 10 vezes nos últimos 16 anos.

“Se você chegar, hoje, na enfermaria ortopédica do HUSE, mais de 80% são vítimas de acidentes motociclísticos. São os casos mais complexos e caros para o Sistema Único de Saúde, porque são pacientes que precisam de internação e, além disso, o procedimento cirúrgico ortopédico em si, é muito caro, porque envolve um material de síntese, um material que geralmente é muito caro, se comparado a outros casos, como por exemplo, de um paciente que teve um trauma abdominal e retirou um rim ou lesionou um baço. Nesses casos, os custos são menores”, descreve Mário Costa. Ainda segundo ele, se os acidentes com motos fossem controlados, de 60 a 100 pacientes internados com fraturas para operar na fila, fora os que vão para casa, para voltar e operar, teríamos uma redução de mais de 80%.


Da Ascom