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Emília Corrêa: “A oposição está completamente dispersa”
Vereadora diz que deslumbramento teria levado a perda de quadros
Emília Corrêa: “A oposição está completamente dispersa”

Do Portal NaPolítica
Por Adriana Freitas

A vereadora Emília Corrêa (PEN) conversou com o Portal NaPolítica sobre os principais problemas que Aracaju vem enfrentando. A vereadora foi muito enfática sobre o papel do vereador na Câmara, que não tem a função de agenciador de empregos e também comentou sobre o cenário político em Aracaju. Para Emília, a oposição precisa se organizar e os líderes precisam olhar com os quadros que ficaram no agrupamento.

NaPolítica: Vereadora, foi até polêmico um discurso recente em que a senhora falava do papel do vereador, que não aquele é aquele de agenciar emprego. O que a senhora pode comentar sobre isso?
Emília Corrêa: Estamos em dias diferentes de antes e esses dias requerem uma nova política com transparência e fidelidade de cada um. O vereador tem duas funções importantes: fiscalizar e legislar. O que mais vemos naquela Câmara são as pessoas se dirigindo aos vereadores para pedir dinheiro para tudo. Pedem dinheiro para bujão, remédio, lanche, o que você puder imaginar. O vereador acaba dando esse dinheiro. Isso é um ciclo vicioso que não promove a cidadania. É ruim para quem pede e péssimo para quem dar. Esse ciclo vicioso não é de agora é de décadas e décadas e ele se repete. Usei uma palavra com muito cuidado para não ser mal interpretada, que o vereador não pode enganar as pessoas que oferece um emprego que ele não tem. Ele pode dizer que vai pedir, mas não garantir porque o emprego não é dele. Quando ele diz que vai arrumar um emprego está enganando as pessoas. A questão do emprego, onde ele arruma tanto dinheiro? Não tenho esse dinheiro. Precisa acabar essas práticas.

NaPolítica: Seria um questionamento de conduta de vereadores que a senhora assisti?
Emília: Sim, tenho conhecimento disso desde sempre. Hoje vejo isso e vejo até comigo. Passamos dentro da Câmara e as pessoas nos abordam. Quando chamam no cantinho é para pedir dinheiro. Não sou indelicada. Ouço o pedido e explico com muita calma tudo isso. Precisa ter uma campanha educativa e cessar a prática. Isso precisa começar com o vereador, que não é para interesses individuais e sim coletivos.

NaPolítica: Em entrevistas recentes, a senhora disse que a oposição está sem liderança para nortear as ações. Em sua opinião, a perda de alguns quadros importantes teria provocado o enfraquecimento?
Emília: Os políticos parecem que ficam deslumbrados quando inicia uma gestão porque éramos maioria no início e estamos reduzidos a quatro por causa do deslumbramento que é ruim para a cidadania. É como a concorrência, por exemplo, em Aracaju só tem um cinema, o mesmo filme em um lado e no outro. Se tem uma oposição forte, o governo e a situação ficam mais atentos. Então, o que tem acontecido é que a oposição além de ter perdido alguns quadros, não olha para os que ficaram. Não conversam, não participo de reuniões para definimos juntos. Eles ficam de olho nos que se foram e se continuar desse jeito a oposição vai ficar cada vez mais fragilizada. Continuo na oposição por convicção, foi ali que o povo me quis. Se for ali que tenho estar, ali vou desempenhar o meu papel.

NaPolítica: Esses vereadores que se deslumbraram e mudaram de posição, isso pode ser penoso para a população?
Emília: Muito penoso. Só olhar para trás e ver o que acontece. Esses mesmos estavam de um lado e de repente mudam de lado. Não estou aqui julgando porque o grande juiz é o povo. Houve muito deslumbramento e levou muitos e a oposição que ficou não se organiza. Ás vezes não conseguimos identificar o líder da oposição.

NaPolítica: O maior líder da oposição é o senador Eduardo Amorim e ele disse recente que a oposição possui vários líderes. A senhora acha que essas várias lideranças podem atrapalhar o bloco de oposição?
Emília: Com certeza. Claro que a liderança pode ser descentralizada, mas tem um líder maior, que precisa se organizar. Vários líderes de regiões tudo bem, mas tem que ter um grande líder, seria o senador, mas às vezes ficamos em dúvida com alguns discursos de André Moura. Hoje não tenho comprometimento nem com oposição, nem com a situação. Tenho conversando com vários políticos ouvindo e agindo da forma como tem que ser com coerência e firmeza.

NaPolítica: A oposição está dispersa?
Emília: A oposição está completamente dispersa. A oposição não pode ter dono. Nós todos temos que participar das decisões e não temos que ser informados das decisões pela mídia. Às vezes sabemos das informações pela imprensa. Isso é uma falta de consideração, respeito com a pessoa que está no mesmo barco. Por que não sentar e conversar? Que receio é esse? Que medo é esse?

NaPolítica: Em relação à 2018, é verdade que já especulam que a vereadora pretende disputar a vaga de deputada?
Emília: Eu confio muito em Deus e não sei olhar e nem decidir nada sem pensar o que Deus tem para mim. Estou na política e não tenho a menor dúvida que foi Deus e lógico que monitorou o povo para votar nesse nome. Digo isso porque fugi da política partidária e resolvi enfrentar. Tive muitos votos na primeira eleição, mas não fui eleita e depois tentei em 2016 e tive menos votos e entrei. Primeiro estou me colocando diante de Deus, mas talvez possa ser que eu seja. Se vier, não tenho receio de nada. Meu temor é Deus.

NaPolítica: Vereadora, sobre a questão do reajuste da tarifa de ônibus. Qual o seu posicionamento?
Emília: Um assunto muito delicado e já existe um projeto dentro da casa de se retirar a análise dessa tarifa. Fui pesquisar e a lei disse que toda tarifa quem tem que definir é o executivo, mas não pode tirar do vereador a avaliação da tarifa. Infelizmente até pode caber um aumento porque já se aumentou tudo e a empresa tem os seus funcionários, mas não é o momento. As pessoas estão sofrendo muito com o desemprego e como vai aumentar a tarifa do ônibus agora? Entendo que não é momento de aumentar nada, embora estejam aumentando tudo. A tarifa de ônibus dói muito porque não é só uma passagem, às vezes tem gente que usa de duas a quatro passagens.

NaPolítica: Então, senhora é contra o projeto do vereador Nitinho de tirar a responsabilidade da Câmara?
Emília: Essa discussão teve épocas que não passou e voltou na gestão passada. Entendo que é salutar a discussão, mas a batida do martelo é do executivo, mas acho que é interessante o povo saber que vamos ficar de olho nesses cálculos. Acho que não deve ser retirado porque somos os fiscais do mal que pode acontecer com as pessoas e se for direto pra o executivo fica só na mão de um.

NaPolítica: Diante de tantas problemáticas do município, um sério problema que estamos acompanhando é a greve dos médicos. Como a senhora tem acompanhado?
Emília: Fiz um pronunciamento na Câmara mostrando que estamos diante de direitos versus direitos. O direito do médico receber e o direito da população assistida. Os médicos têm o direito de receber e tentou negociar junto à prefeitura e não concordaram em pegar empréstimo. Eles até falaram para a prefeitura pegar o empréstimo e fazer o pagamento. É uma coisa esdrúxula. Salário é direito, é intocável, é imexível. Tem que pagar e acabou. Não tem dinheiro para pagar os médicos, mas tem R$ 700 mil para pagar novos médicos, ora pegue esse valor e pague a dívida.

NaPolítica: Vereadora, como a senhora faz a avaliação desses 100 dias de gestão do prefeito Edvaldo Nogueira e passando pelo quesito lixo, que foi algo problemático?
Emília: Não estou ali para ficar defendendo nem a gestão anterior, nem a atual. Estou ali e fui colocada naquele lugar para representar as pessoas, os aracajuanos, o povo. Se for fazer um quadro comparativo de início de gestão, a gestão anterior foi um caos do meio para o final. Foi um caos em tudo do meio para o final, mas o início foi positivo diferente da gestão atual. Se a gente for comparar a gestão anterior, você vai observar que teve a nomeação da guarda municipal, a troca de uma parte da frota de ônibus, teve o final do lixão do Santa Maria, a ampliação do atendimento nos postos. Vamos para essa gestão, o que teve de positivo? Nada. Pelo menos no meu olhar. Estou esperando que algo aconteça para eu elogiar a gestão, mas por enquanto não está merecendo esse elogio. Se a gente notar algo que considero mais forte nos tempos atuais é o cumprimento de palavra. Honrar com a palavra e as pessoas já estão atentas. Edvaldo disse que ia revogar o IPTU e não revogou. Ele disse que ia pagar os funcionários e não pagou. Essa quebra de palavra deu uma alargada muito negativa. Como vai ser daqui para frente não sei. Não tenho nada contra Edvaldo, nem qualquer político.

NaPolítica: Sobre a situação do lixo?
Emília: Tive acesso a alguns contratos e nos dividimos. Essa CPI é muito importante que aconteça porque não vai tratar só de agora e sim do período de 2010 a 2016. Vamos conhecer toda história que foi se repetindo. Não tivemos licitação, só contratos emergenciais. Tive acesso aos contratos que não poderiam ter aditivos e tiveram com diferença de dias. Valores absurdos e sentimos o cheiro de irregularidades. Depois teremos outra luta para saber quem vai compor a comissão. O lixo está aí, a chuva chegou e todos sofrem. Há décadas todos os anos isso acontece e Aracaju sofre o mesmo mal. Em todas as gestões as famílias sofrem com alagamentos. É muito grave isso.

NaPolítica: Quais projetos a senhora pretende apresentar durante a sua gestão?
Emília: Na legislatura passada eu era suplente, mas deixei bons projetos, que acabaram morrendo e estou resgatando como o projeto das calçadas livres, escrituras gratuitas para as pessoas que não possuem condições. Na linha de atendimento à saúde onde as pessoas são desprezadas por isso. A pessoa vai depois de muito tempo de marcada a consulta e simplesmente informam que não vai ter consulta porque o médico não compareceu. O projeto tinha o cuidado de dizer que ela teria que sair com uma justificativa por escrito e com uma consulta já marcada. Protocolei já um projeto de resolução para uma comissão permanente de defesa da mulher, no sentido de violência e da saúde da mulher. Protocolamos também um projeto para o jornalista e radialista ter meia-entrada em eventos culturais.


Da redação