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Agamenon nega arrependimento sobre polêmica com Lucimara, e aponta desvio de foco
“Vou colocar muita gente na cadeia”, diz ele, que taxa: estão desviando foco da CPI da Saúde para polêmica da calcinha
Agamenon nega arrependimento sobre polêmica com Lucimara, e aponta desvio de foco

Por Raissa Cruz

 

Considerado o vereador mais polêmico da Câmara Municipal de Aracaju, Agamenon Sobral (PP), fala nesta entrevista a respeito do seu protagonismo em mais um embate com a vereadora Lucimara Passos (PCdoB) na última semana. O fato chegou a render mídia nacional após duras declarações de Agamenon contra uma mulher, e o rechace de Lucimara expondo sua calcinha na tribuna da Câmara. Negando estar arrependido do desgaste gerado à imagem da Câmara, Agamenon diz que estão tentando desviar o foco da CPI da Saúde que ele defende no Estado e na capital. “Isso porque existem pessoas ligadas, no sentido da vereadora (Lucimara), que fazem parte dessa CPI. Se eu conseguir a CPI, pode ter certeza que vou colocar muita gente na cadeia”, diz ele. Confira:

 

Qual a sua expectativa sobre a Comissão de Ética da Câmara, que está sendo cobrada quanto a pareceres sobre casos envolvendo o senhor, mas que, a essa altura da proximidade do recesso parlamentar, pode entrar em debate apenas no ano que vem?

Eu também tenho essa apreensão sobre a Comissão de Ética, porque fica nessa especulação de que vai punir, vai punir. Mas também digo a você que eu estou despreocupado porque eu tenho a consciência do que falei. Tenho documentos que comprovam. Porque a vereadora (Lucimara) iniciou o pedido na Comissão de Ética contra mim? Porque o vereador (Agamenon) subiu à tribuna e disse que ela está indiciada por corrupção, e eu tenho o documento do Ministério Público aonde a vereadora faz parte de um inquérito policial 404/2010, que consta o nome de dez pessoas indiciadas por corrupção. Será, então, que eu devo ser punido por falar a verdade. E outro detalhes, a comissão não deu parecer ainda porque um dos membros (Emmanuel Nascimento) que faz parte da oposição foi pressionado a votar contra Agamenon, só que a população que votou nele o pediu que ele votasse a favor de Agamenon. Então para não ceder à oposição e também não desagradar seus amigos ele saiu. Mas por mim essa comissão já devia ter dado parecer, e até já teria me defendido.

 

E quanto às acusações diante do seu pronunciamento sobre o caso da mulher sem calcinha no casamento?

Eu também não tenho com o que me preocupar, porque eu apenas li a matéria de um jornal, e para minha satisfação uma emissora local mostrou ainda a imagem de que eu estava lendo. Então é mais um motivo para eu me defender. É mais um motivo para eu não ter medo da Comissão de Ética. E teria medo se eu tivesse infringido o decorou parlamentar. E eu tenho na minha mesa aqui o regimento e tenho como provar que não infringir.

 

Como o senhor considera a avaliação que estão fazendo da sua declaração, inclusive quando apontam que o senhor suscitou a violência contra mulher?

Eu não suscitei a violência, foi um fato isolado, onde eu disse que aquela mulher merecia sim uma surra. Porque o que ela fez, para mim como ser humano, foi um agravante muito grande. Foi uma desmoralização que ela tentou fazer com a igreja catótlica, e eu, como católico, preservo a igreja. Então eu, Agamenon não me arrependendo do que fiz. Então eu não incitei a violência, a violência já está ai fora. A violência maior desse país é a corrupção, que está aflorando e ninguém toma providências. Violência é uma presidente dizer que qualificou 8 milhões de pessoas e não temos empregos para essas pessoas. Ela dá 14 milhões em Bolsa Família, e quando essa criança cresce, com 14 anos, não tem para onde ir, e vai roubar... Essas crianças viam o pai ou mãe colocar comida dentro de casa sem trabalhar, só com a ajuda do Bolsa Família. Tanto que a maior faixa de violência está entre 14 e 18, período que a criança fica sem bolsa família. Então a maior violência desse país é a Bolsa Família.

 

O senhor sabia que a notícia que o senhor teria lido, sobre a mulher que casou sem calcinha, era antiga e foi tida como falsa informação ainda em 2012?

Não sabia, fiquei sabendo depois pela imprensa. Eu sempre que chego a essa Casa leio os jornais e coloco para a população o que acho relevante. E foi assim que o fiz no dia do meu pronunciamento.

 

Mas qual a motivação o senhor teve quando chegou à tribuna? O senhor já sabia que era possível ser criticado depois a depender das declarações que fizesse?

A motivação foi meu repúdio àquela matéria, sobre uma noiva que já foi com um vestido muito decotado e transparente e sem calcinha. Meu repúdio foi ao que ela fez. E parece que as madrinhas já sabiam e chegou ao conhecimento do padre. Então, ao meu entender, ela quis desvalorizar mesmo a igreja. E por isso merecia um corretivo. E o corretivo, para mim, seria uma surra.

 

Qual o entendimento que o senhor tem sobre o combate à violência contra a mulher? E inclusive o senhor fez aquela declaração polêmica logo no dia em que se comemora esse combate. O senhor acha que por isso o tema tomou uma dimensão ainda maior?

Não. Aumentou o reflexo, mas foi a política vendo pelo lado errado. Por exemplo, o vereador Agamenon está pleiteando a CPI da Saúde. O problema está aí. Estão tentando desviar o foco da CPI da Saúde para essa questão, isso porque existem pessoas ligadas, no sentido da vereadora (Lucimara), que fazem parte dessa CPI. E se eu conseguir a CPI, pode ter certeza, vou colocar muita gente na cadeia, por isso tentam desviar o foco do debate.

 

As manifestações vistas nas redes sociais contrárias às suas declarações contra “àquela mulher” são vistas também por onde o senhor passa? Como têm sido a receptividade nas ruas?

Não, pelo contrário. A receptividade tem sido muito boa. Existem duas rádios locais de grande audiência, e eu participei de todas as duas, e a população que entrou no ar participando, posso garantir que 90% foi ao meu favor. Foi a receptividade natural das pessoas dizendo que eu estou certo. Porque a pessoa que tem dignidade, respeito ao próximo e à igreja em momento algum ficaria contra mim. Porque nesse grande fato o que houve foi um desrespeito a casa de Deus, e eu, como católico, me senti na obrigação de defender.

 

Ainda na troca de farpas com Lucimara, o senhor chegou a usar bom ar no plenário da Câmara, dizendo estar revidando a ação praticada por ela quando expôs sua calcinha. O vereador considera que as formas de manifestações usadas por Agamenon e Lucimara na última semana causaram um grande desgaste à imagem da Câmara? O senhor se arrepende de algo?

Não me arrependo da matéria que li, mas achei muita baixaria da vereadora de subir à tribuna da Câmara e apresentar uma calcinha na mão. Não sou eu que vou julgar a ação dela, mas achei muita baixaria ela como uma mulher e vereadora fazer isso. Eu acho que ela sim denegriu a imagem das mulheres. Tirou uma das partes mais íntimas da mulher e apresentou. Se você parar para analisar como mulher, veja que ela extrapolou o ato do repúdio e levou para baixaria a mulher. Então as mulheres vão avaliar se ela colocou ou não as mulheres na lama.

 

Da redação NaPolítica.com

Foto: Acrísio Siqueira