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Zé Franco:“Mesmo com JB, iriam cortar minhas pernas”
Ainda sentido, ele chora, citando: “para estarem com o Poder, sacrificaram a oportunidade de o PDT ter um vice ou estadual
Zé Franco:“Mesmo com JB, iriam cortar minhas pernas”

Por Raissa Cruz

 

O desabafo de decepção do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Zé Franco, com seu partido, o PDT, não é novidade. Mas nesta entrevista ao portal Na Política, no gabinete da Presidência, voltando a citar a mágoa causada quando não homologaram sua candidatura, Zé não resiste às lágrimas enquanto respondia aos questionamentos. “Se eu tivesse com Jackson iriam cortar minhas pernas do mesmo jeito... Não me queriam”, disse ele. O Zé traído, como insinua ele, fala de sua defesa nestas eleições pelas candidaturas de seus antigos opositores, Padre Inaldo para Estadual, e Adelson Barreto para Federal. E ele, que assumiu a Assembleia durante a licença médica da deputada Angélica Guimarães, pontua que povo espera um Pode Legislativo igualitário, equilibrado, e que Sergipe precisa de um choque de gestão no governo.

 

Qual a avaliação que o senhor faz deste último ano dessa Legislatura, comparando o período que esteve como governista a hoje, oposição?

A primeira vez que eu fui deputado, sai decepcionado. O governador Marcelo Déda tinha a maioria na Assembleia, e eu também fazia parte dessa bancada. Mas se discutia muito pouco os projetos, não adiantava alguns deputados serem contra o governo. Não havia o gosto de ser parlamentar porque nada podia ser contestado, o povo não podia ver na Casa uma oportunidade de expor sua insatisfação com o Estado. Mas dessa segunda vez eu fiquei impressionado e adorei, mesmo depois me tirando o direito de ser candidato. Eu estava felicíssimo porque eu senti uma Assembleia igualitária: 50% uma oposição decente, não radical, e 50% governo. Com equilíbrio para se debater os projetos, e com isso só quem ganha é a sociedade.

 

Para o senhor, o que a sociedade espera da Assembleia e do Governo nestas eleições?

Sem dúvida, para o governo é preciso um choque de gestão. Para a Assembleia, que ela continue sendo igualitária. Eu não me arrependo de estar no grupo onde sempre estive, e acho que fiz minha parte contribuindo para o desenvolvimento do Estado. E hoje tenho a esperança de que Eduardo faça um grande governo, dando esse choque de gestão. Porque Sergipe não é uma Alagoas, que se tem somente cana, uma bacia leiteira e mais nada. Aqui nós temos tudo, temos petróleo, temos gás, a agricultura a pecuária, uma industria boa, um comercio forte, a carnalita. Mas eu sinto diante das informações trazidas pelos Secretários da Fazenda, que a situação é preocupante. Então o modelo de gestão precisa mudar. Inclusive no País também. Nós já vivemos uma fase, onde não podíamos opinar muita coisa, e eu era pequeno, mas vinha assistir aos discursos aqui na Praça dos Três Poderes. E quando veio um novo modelo de gestão e ouve avanços, ouve, mas também muito desavanço. Está aí a Petrobrás quebrada, a empresa do coração do Brasil. Esse modelo já cansou e há uma grande decepção do povo. Eu votei em Dilma, mas hoje se ela depender de um voto meu para ganhar a eleição, ela perde, e aqui em meu estado, se Eduardo precisar de um voto para ganhar, comigo ele ganha.

 

O senhor se arrepende de por conta dessa aliança com o grupo de Eduardo, sua candidatura ter sido sacrificada, já que sua definição política contribuiu para que o PDT não o apoiasse para entrar na disputa?

Sinceramente não. Porque se eu tivesse ao lado de Jackson eles iriam cortar minhas pernas do mesmo jeito. Estou sendo muito claro, acredito que é a primeira vez que falo assim tão abertamente. Mas não me queriam. E eu não saí do meu lugar, quem saiu foi ele (Fábio Henrique), Eduardo tinha projetos com ele. Conversei muito com o governador (Jackson Barreto) e continuo amigo, não vejo para que ficar inimigo. Agora eu tenho posição, e nunca traí ninguém. No meu relatório de vida eu não carrego isso. Primeiro sou católico apostólico romano, tenho um respeito grande pelos evangélicos, mas tenho no coração um respeito por Santa Teresinha de Lisieux, meu anjo da guarda (disse tocando na medalha no bolso da camisa). E acho que é ela que me dá essa força para continuar mesmo com as decepções... (disse já em lágrimas e em seguida fez um breve silêncio).

Se eu tivesse com Jackson seria cortado as pernas de toda forma. Porque a questão jurídica da minha candidatura era opção do partido lutar. Eu não sofri um processo administrativo, nem condenação junto a um colegiado, eu tive apenas uma citação na lista do Tribunal de Contas da União, mas meu partido me negou legenda para uma candidatura. Quem tinha implicações com questionamento jurídico, acabou passando, ficou André Moura, mas que ainda tem condição de passar no Supremo. Então se todos passaram por comigo tinha que ser diferente? Já não me queriam... Acho que quem deve saber disso também é o presidente nacional do partido, que já vive em um governo centralizador... Eu deixei de ser um pré-candidato a vice-governador pelo PDT! O primeiro nome cogitado para vice de Eduardo foi o meu. Depois se pensou em Dr. João Alves, e no empresário e ex-deputado Augusto neto, que ficou, e foi uma ótima opção pela pessoa simples e moderada que é.

 

O senhor confirma que foi traído?

Traição geralmente é sentida entre marido e mulher. E por minha esposa acho que nunca fui traido, e faço de tudo para não traí-la. Mas eu não fui candidato, porque o partido não me deu esse direito. Até meu número retiram, para magoar mesmo... Mas estou de pé. Ou seja, a condição para eles estarem hoje no governo, no Poder, sacrificou a oportunidade de o PDT ter um vice-governador ou um deputado estadual, e ainda levou o partido para uma chapinha.

 

Agora sem candidatura, o senhor mostrou apoio para estadual ao Padre Inaldo, seu antigo opositor, inclusive na disputa em que o senhor buscou eleger Fábio Henrique, como prefeito de Socorro. E ainda dedica apoio para Federal ao deputado Adelson Barreto, seu ex-adversário político também. Seria apenas acasos da política? Como o senhor explica, especialmente à população de Socorro?

O Padre Inaldo é um amigo antigo, que apesar de oposição não deixou de ser amigo. Eu tinha um candidato, que era o vice-prefeito Job Carvalho, como ele decidiu não disputar, então nos dispusemos a conversamos com o padre, e decidimos apoiá-lo. Acredito que com ele Socorro terá um representante na Assembleia para continuar o trabalho que eu venho fazendo. Só do Proinveste, eu consegui que fosse destinado R$ 25 milhões para o recapeamento asfáltico da cidade. E acima de tudo, eu amo Socorro, ninguém pode negar isso. E em todas decisões políticas que tomo tento pensar na cidade.

Sobre Adelson Barreto, estou com ele sim, e vou trabalhar muito por sua candidatura. Acredito que ele será um grande deputado federal, não é de falar, mas de fazer. Falam que os projetos dele têm ajuda do governo do Estado e Federal, que tenha, mas porque não colocam Adelson como Ministro da Saúde? Só porque ele é o neguinho do Manoel Preto? O ministro Joaquim Barbosa está despontando. Então, acredito em Adelson e, agora, eu faço parte do grupo dele e ele do meu.

 

Para concluir, sobre a não homologação de sua candidatura pelo PDT, que o senhor disse que recorreria à Justiça, como está o andamento, e quais as perspectivas políticas de Zé Franco?

Ainda acredito que possa haver justiça sobre minha candidatura, e os advogados estão tratando disso, mas sobre o futuro muitas coisas aconteceram. Agora meu foco está em ver Eduardo eleito governador, e os candidatos que eu apóio também.

 

Da redação NaPolítica.com