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Ana não descarta o apoio de Albano para chegar à PMA, mas combaterá o capital
"A disputa não é com as pessoas, mas com o partido, os projetos e a ideologia", explica deputada
Ana não descarta o apoio de Albano para chegar à PMA, mas combaterá o capital

Por Joedson Telles

 

 

A deputada estadual Ana Lúcia Menezes (PT) acredita que uma candidatura sua a prefeita de Aracaju, entre outros pontos positivos, espelha o fato de o eleitor aracajuano priorizar uma candidatura feminina. "A gente está sabendo que a população aracajuana tem priorizado uma candidatura feminina. Eu sou aracajuana, estou no terceiro mandato, tenho uma militância antiga - não só eu, como minha família: meu irmão, meus pais... uma militância de esquerda priorizando uma visão progressista de sociedade, de inclusão, de justiça social", diz. Além disso, Ana revela ainda nesta entrevista que concedeu ao Universo Político.com acreditar que o prefeito Edvaldo Nogueira (PC do B), que teve apoio do PT para estar no poder, mas ensaia apoiar uma suposta candidatura do PSB, estará no palanque do PT. "Eu acredito que a inclinação de Edvaldo Nogueira é com o PT", diz, não descartando ter também o ex-tucano Albano Franco em seu palanque. A entrevista:

UniversoPolítico.com - Salientando que fala como militante, o governador Marcelo Déda defende que o PT defina o nome do pré-candidato a prefeito de Aracaju até dezembro. Argumenta que a população precisa conhecê-lo. Já há conversas neste sentido entre a senhora, o deputado Rogério Carvalho e o vice-prefeito Sílvio Santos?
Ana Lúcia-
Não. Nós não conversamos ainda. Isso é uma deliberação do diretório. Então, na verdade, a executiva estadual estará dialogando com o diretório para definir esse calendário, e, com certeza, dialogaremos também com o governador. A tese dele é que o PT precisa antecipar, à medida que a campanha dos outros partidos está praticamente na rua. Então, nós estamos aí na disputa da prévia.

 

U.P.- A colocação do nome de Ana Lúcia, como também poderia ser do ex-deputado federal Iran Barbosa, deve-se ao fato de o PT ter as pré-candidaturas de Rogério Carvalho e Silvio Santos? Ou seja, não haver um só nome?
A.L.-
A nossa tese não foi essa. A nossa tese foi do companheiro Sílvio Santos, vice-prefeito. Analisamos que a tendência seria ele ser o candidato único à medida em que para Edvaldo Nogueira substituir Déda não teve nenhuma polêmica, e ele não é do Partido dos Trabalhadores, é do PC do B. Mas todos nós petistas acatamos a proposta de que o vice passaria a assumir a prefeitura e teria direito a reeleição. Portanto, também estávamos caminhando nessa lógica e pensando em construir o nosso retorno à Câmara de Vereadores. Por isso a prioridade do Iran (não disputar a eleição para prefeito, e sim para vereador de Aracaju). Só que o Rogério lançou-se candidato, não defendeu essa tese, e o Sílvio não conseguiu ficar sozinho. Isso nós conversamos com ele (Silvio). Se ele conseguisse negociar com Rogério a retirada da candidatura, nós não colocaríamos nenhum nome. Foi quando ele não conseguiu, até o momento, e aí a gente está sabendo que a população aracajuana tem priorizado uma candidatura feminina, eu sou aracajuana, estou no terceiro mandato, tenho uma militância antiga, não só eu, como minha família: meu irmão, meus pais..., uma militância de esquerda priorizando uma visão progressista de sociedade, de inclusão, de justiça social. Então, nós fomos amadurecendo e a Articulação de Esquerda achou que deveria colocar meu nome nas prévias para concorrer dentro do nosso partido.

 

U.P.- Uma candidatura da senhora sendo oficializada teria um caráter daquele PT ideológico de antigamente ou desse novo PT com base na chamada coalizão?
A.L.-
O PT ideológico é bem o meu perfil. A coalizão é definição do partido, não é definição minha, nem de meu agrupamento. Isso será discutido dentro do partido. Com certeza, pelo meu perfil ideológico, acredito que tenham segmentos que talvez não queiram vim para a aliança, mas quem vai definir o processo de aliança será o partido e as suas instâncias deliberativas. Não será o candidato. Isso faz parte do perfil petista. Partido é um colegiado com regras e normas. Com estatuto. No nosso caso, nós temos até código de ética. Portanto, eu espero que todas as discussões da deliberação sejam realizadas a partir das instâncias deliberativas e dos colegiados. É o diretório de Aracaju, a executiva de Aracaju quem vão discutir tudo isso que estamos analisando, e o que a gente quer é ter uma administração, uma disputa partidária, uma disputa na sociedade mostrando o perfil de esquerda, como a gente vê o projeto de governo, os projetos possíveis de serem realizados e dialogando com a população. Eu acho que essa é uma concepção que foi construída e criou uma cultura petista que ainda é muito forte e efervescente dentro do meio petista, diante das militâncias, dos antigos e dos novos militantes também. No encontro da juventude do PT, com o discurso político ideológico, fui muito bem recebida a partir da análise que fiz política ideológica do nosso partido para a sociedade. É esse mesmo perfil. Nós não vãos mudar o perfil, muito pelo contrário. Nós queremos acentuar e consolidar esse perfil como o do Partido dos Trabalhadores para governar a nossa capital que o partido governou durante seis anos, muito bem avaliados, o companheiro Marcelo Déda foi prefeito com muita legitimidade, foi eleito governador no primeiro turno também com legitimidade e a gente espera continuar consolidando e avançado no sentido de transformação de alguns projetos estruturantes, priorizando mais ainda o perfil da nossa cidade. Por isso, priorizamos criar política que a população tenha melhor convivência no seu bairro, o problema de saneamento, de saúde, de drenagem precisa ser visto como prioridade. Essas são as questões que temos que tratar com os aracajuanos para que eles entendam e conheçam melhor sua cidade. Conheçam como é o bairro Bonfim, na Soledade. A gente precisa resolver o problema da Soledade, a lixeira de lá está com o gás metano, e a gente precisa levar os turistas e os aracajuanos para conhecer como é bonita aquela paisagem no Porto Dantas, nas vizinhanças no Bugio e precisamos cuidar dos rios que estão sendo bastante degradados.

 

U.P.- A senhora falou uma coisa interessante. O apoio que o PT deu a Edvaldo para que ele chegasse à prefeitura. O PT esperava essa retribuição agora ou compreende essa inclinação de Edvaldo para o grupo de Valadares?
A.L. -
Eu acredito que a inclinação de Edvaldo Nogueira é com o PT. O PT e o PC do B sempre foram aliados históricos e a esquerda precisa mostrar a população que nós temos compromisso entre nós através de programas e de projetos. Então, o PC do B sempre foi um bom aliado do PT e acredito que continuará sendo um bom aliado.

 

U.P.- O entrosamento entre Edvaldo e Valadares Filho...
A.L.-
Isso aí faz parte das alianças. O PSB também chegou depois, mas chegou há muito tempo também. A reeleição de Déda para a prefeitura já teve apóio do PSB. A primeira candidatura de Déda foi que ele disputou com Valadares. A partir daí, ele ampliou essa aliança, que já é uma coalizão tanto na prefeitura quanto no Estado.

 

U.P.- Em Albano Franco permanecendo no agrupamento, já que ele apoiou Edvaldo Nogueira, será bem vindo a uma possível candidatura sua?
A.L.-
A disputa da nossa tendência não é com as pessoas, mas com o partido, os projetos e a ideologia. O Albano tem o perfil do empresariado do capital, e nós combatemos o uso do capital. Então, ele vem para nos apoiar sabendo que vai apoiar um programa e um projeto que vai de encontro ao capital, que prioriza a ação solidária, pequenos e médios comerciantes. Eu acho que quem chega tem que entender aquele que está oferecendo o projeto. Eu acho que faz parte da democracia. O meu perfil não é de negociatas. É o perfil de diálogo, de negociar a partir de princípios e projetos, para que ninguém se sinta enganado. Essa é minha forma de militar, de ser mulher pública de ser para sociedade de forma aberta. Não podemos mudar esse perfil. O que a gente precisa entender é a conjuntura daquele momento o que é que pode ser oferecido para avançarmos nas ideias progressistas, combatendo as ideias conservadoras, para chegarmos ao governo e administrar para todos os aracajuanos. Eu acho que essa é a diretriz para alcançarmos a meta, que é chegar ao governo e administrar para todos os aracajuanos. Têm políticas que são universais, independente de classes sociais, e têm políticas que são universais, mas que tratam de forma diferenciada. Então, desiguais não podem ser tratados da mesma forma porque sempre você estará reproduzindo a desigualdade, e a nossa meta é cada vez mais possibilitar políticas que visem à justiça social. No mundo capitalista que estamos gerenciando não é possível ter a justiça social na sua plenitude. A intenção é ter uma política pública que dê dignidade ao ser humano, emprego, habitação decente, escola pública e saúde decente, esgoto tratado, natureza bem cuidada, evolução da população para que entenda no que a gente pode intervir na natureza e o que a gente não pode porque se não ele se rebela contra nós e ninguém consegue lutar com a força da natureza. Nós estamos vendo o Rio Sergipe ocupando a Praia 13 de Julho com ondas fortes. Então, a natureza tem limites. Quando se pensa que está tecnologicamente dominando tudo, ela se rebela e quando acontece isso causa muitas mortes e muito sofrimento para a humanidade.

 

U.P.- A senhora tem acompanhado de perto esses debates sobre o Projeto de Lei que revisa o Plano Diretor de Aracaju. Da forma que está sendo debatido, a senhora está otimista quando a obtenção de um resultado satisfatório para a sociedade?
A.L.-
Eu estou otimista no sentido de que quando os vereadores se prontificaram a falar com a população, a população está mudando e muito as metas e a visão do plano diretor. A população está pedindo que essa questão do meio ambiente tenha um olhar muito especial, cuidados com os bairros da região Oeste, do calçadão, cuidar dos ambientes naturais para atrair os turistas e o próprio aracajuano viver melhor na cidade. Está dizendo que essa barreira de cimento que está sedo construída na praia 13 de Julho não pode continuar, que o plano tem que modificar isso, que a Zona de Expansão de Aracaju tem que mudar, inclusive, o nome, ali não pode ser a área de expansão. Nós precisamos ouvir todos os técnicos, arquitetos, engenheiros, geólogos que têm mostrado a fragilidade daquela área. A gente espera que essas emendas sejam realmente acatadas pelos vereadores e que o plano seja modificado em muitos aspectos para os aracajuanos.

 

Da redação Universo Político.com