Na Política

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27/03/14 | 09:00h (BSB)

Euza desabafa: “ Estão usando o meu nome de forma maldosa”

Promotora lamenta que sua saída seja apontada como questão política

Por Adriana Freitas

A promotora Euza Missano está se despedindo da Promotoria da Saúde para voltar à Promotoria do Consumidor na qual é titular. Com 22 anos atuando no Ministério Público Estadual (MPE), Euza Missano reafirma que deixará a promotoria por um pedido voluntário devido à sobrecarga de trabalho e não por pressão. Em conversa com a reportagem do Universo Político, Euza Missano fez um balanço sobre a situação da saúde no Estado e desabafou dizendo que está triste, mas o carinho que tem recebido é o que tem confortado seu coração. “Isso é um conforto e juro que diante de tanta maledicência, tanta inverdade usando o meu nome para tanta mentira isso é o que me conforta e consegue sossegar o meu coração”, diz promotora.


Qual o sentimento ao deixar a Promotoria da Saúde que a senhora atuou por tanto tempo?
Tenho um sentimento muito forte dentro de mim por onde procuro me guiar que é minha consciência. Tenho a consciência tranquila de que apliquei todos os meus esforços para ajudar o povo de Sergipe a ter uma saúde um pouco melhor. Se eu não consegui é porque fui incapaz e estava além das minhas possibilidades e além dos meus limites. Ao sair me deparo com um pedido que foi feito por mim de ter me sentido sobrecarregada pelo volume de serviço, de me sentir injustiçada na distribuição desses procedimentos e infelizmente ter sido utilizada de forma maldosa e mentirosa pelo fato da minha saída como uma questão política. Isso magoa muito e me deixa muito triste, mas lidar com a população mais humilde que não precisa de poder , que não precisa olhar pra você e esconder uma verdade isso faz a gente ter um olhar para o horizonte. Um olhar diferente porque é muito fácil trabalhar para essas pessoas que são verdadeiras renovam as minhas forças para continuar na promotoria na qual sou titular e vou permanecer com a mesma garra, mesmo empenho porque sou paga pela população para isso.

 

Como a senhora tem recebido as mensagens de carinho nas redes sociais pela sua permanência na Promotoria da Saúde?
Isso é um conforto e juro que diante de tanta maledicência, tanta inverdade, usando o meu nome para tanta mentira isso é o que me conforta e consegue sossegar o meu coração. A certeza que tenho com o apoio da família, a certeza que tenho do meu dever cumprido com minha consciência ouvir isso da população é a melhor coisa. O melhor prêmio que todo profissional poderia ganhar.

 

Promotora Euza Missano, qual o balanço que a senhora faz durante este tempo de atuação na Promotoria da Saúde?
Essa já é a segunda vez que assumo a pasta da saúde. Nós fizemos inicialmente em 2008 na época da epidemia de dengue, depois retornamos para a Promotoria da Saúde onde sou titular e voltei em 2010 para a saúde. Passamos esse longo período e retornamos agora para a titularidade. Tenho sensação extremamente positiva de ter aplicado todos os meus esforços para qualificar e dignificar a saúde do meu Estado. Sou uma servidora pública e o papel do Ministério Público é servir a sociedade e isso vou continuar fazendo em qual local esteja.

 

Recentemente o Ministério Público Estadual (MPE) e o Ministério Público Federal (MPF) pediram a intervenção federal da saúde no Estado. Como está esse processo?
Nós tivemos uma audiência agora com a doutora Telma da 1ª vara e tivemos providências preliminares que foram determinadas por doutor Ronivon para tomar medidas importantíssimas e a partir daí o próprio Estado prestar contas ao poder Judiciário Federal. Todos os pedidos estão no prazo estabelecido, além disso, o MPE ratificou a necessidade do pedido de intervenção pedindo ainda que dentro daquelas providências que foram solicitadas que haja o abastecimento do Hospital de Urgência, principalmente da maternidade Nossa Senhora de Lourdes com os antibióticos e antimicrobianos, que são medicamentos imprescindíveis para salvar a vida da população nestes dois centros de saúde.

 

Quantos inquéritos civis instaurados foram resolvidos e quantos ainda continuam pendentes?
Não saberia dizer o quantitativo de procedimentos e inquéritos civis. Aproximadamente 700 notícias de fato misturadas com procedimentos e inquéritos nós tivemos movimentação em 2013. Deixo a promotoria com apenas dois inquéritos civis ativos e uma média de 12 procedimentos administrativos e umas dez de fato. Isso para mim é gratificante e responde por todo esforço que fiz nesta promotoria. Deixo a promotoria hoje em uma situação extremamente saneada. São 93 ações civis públicas até a minha saída para ajuizar e provavelmente serão 96 ações públicas ajuizadas por mim para garantir ao cidadão de Aracaju uma saúde digna.

 

Para a senhora quais setores são os mais problemáticos na saúde? Seria o abastecimento de medicamento?
Principalmente medicamentos e pessoal precisam melhorar. O Estado precisa desenvolver ações para melhorar o abastecimento nas unidades hospitalares. Nós temos pessoas morrendo sem assistência, essa é a realidade. As pessoas estão morrendo por falta de medicamento, as pessoas estão morrendo por falta de atenção no serviço de urgência e emergência. Na última visita que fizemos nas últimas instalações pude visualizar uma maca top de linha equiparada a um automóvel Mercedes, mas o paciente estava com uma bactéria multirresistente porque não tinha antibiótico para ser ministrado no paciente. Aliás, não tinha se quer um reagente no laboratório para saber o tipo de bactéria para o paciente tomar o medicamento. Então, o paciente estava em cima de uma Mercedes, mas não tinha o medicamento para tomar e se curar.

 

Quais pontos a senhora acha que melhorou na saúde durante este tempo de atuação na promotoria? Houve efetivamente uma melhora?
Sim. Nós encontramos alguns avanços que foram promovidos nessa área na atenção primária, principalmente, em alguns aspectos da saúde mental e na parte relacionada a exames especializados, muito embora tenha tido uma situação grave nas duas maiores unidades municipais, que são as Unidades Fernando Franco e Nestor Piva. Com relação ao Estado, houve uma qualificação na estrutura predial com nova ala de assistência de UTI, mas volto a frisar que não adianta estrutura predial bonita se não tenho pessoal em quantitativo suficiente para atender o paciente e a falta de medicamento constante.

 

A senhora acha que as Organizações Sociais de Saúde (OSS) poderiam amenizar os problemas na saúde do município de Aracaju?
Acho que na verdade as empresas privadas qualificadas como OSS elas não poderiam administrar integralmente essas unidades. O Município pode comprar o serviço de forma complementar, mas jamais ser substituída por uma empresa privada.

 

Da redação Universo Político.com



28-03-2024
 

 

 

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