Na Política

Biblia Online

12/02/15 | 11:31h

Inúmeros veículos de comunicação exploram o termo acessibilidade, porém, apesar de ser intensamente investigada, a acessibilidade do deficiente físico ainda é um desafio a ser rompido. Trata-se de um desafio social. Acredito que todos reconheçam, por exemplo, o símbolo universal da acessibilidade. Dessa forma, não é por falta de conhecimento (mínimo) que haja descumprimento dos direitos do deficiente físico na sociedade. A legislação da acessibilidade é bastante rica. Tive a oportunidade de estudá-la recentemente e posso afirmar que é vasta. Nela, é possível verificar que vários aspectos estão sendo deixados de lado. Quantifica-se o que ainda deve ser feito para que haja uma sociedade com livre acesso para os deficientes físicos. Qualifica-se o acesso dos deficientes físicos como precário. Há a necessidade imediata de mudanças. A construção de uma sociedade sem barreiras físicas ainda é uma utopia.

 

Comumente observamos em nosso cotidiano situações que demonstram a precária acessibilidade para pessoas com locomoção limitada ou qualquer outro tipo de restrição de movimento. Recentemente foi noticiado em um telejornal local o caso de um rapaz cadeirante que ficou horas dentro de um transporte público, pois na hora de descer, verificou-se que o elevador do transporte parara de funcionar. O rapaz se negou a descer do transporte através da ajuda das pessoas. Segundo ele, utilizou essa atitude como protesto: e conseguiu. A mídia televisiva registrou as horas de agonia e constrangimento do rapaz dentro do ônibus, aguardando o conserto do elevador.

 

Outro caso rotineiro é a construção inadequada de rampas em várias edificações da cidade. Muitas vezes elas nem existem. Há casos em que o aluno com dificuldade de locomoção não pode frequentar a instituição de ensino, pois esta não possui ergonomia adequada para que o aluno circule pelo ambiente sem que haja a interferência de barreiras físicas. Cita-se, também, a falta de respeito em estacionamentos reservados. Não podemos deixar de falar das calçadas com suas irregularidades, seus “altos e baixos”, que dificultam a passagem até dos que não possuem limitação física. São inúmeros os casos que demonstram a ausência de preocupação com a questão da acessibilidade do deficiente físico.

 

Recentemente foi recebida na cidade de Aracaju a ministra da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário Nunes, que participou da cerimônia de assinatura do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência- Viver sem Limite. O plano assinado traz boas perspectivas não somente para os deficientes físicos como para as múltiplas deficiências. Resta-nos ficar na expectativa de melhoras no quadro.

 

Leis e decretos tomam como referência a NBR 9050 (Norma Brasileira de Regulamentação 9050) que atua como referência, pois estabelece as condições necessárias para que o deficiente físico tenha acesso aos diversos ambientes, de forma livre e com satisfatório grau de independência. Para quem não conhece, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) NBR 9050 trata dos padrões estabelecidos para mobílias e edificações, por exemplo. Proporcional ao tamanho da legislação é seu descumprimento.

 

Certamente transpondo-se para o lugar da pessoa fisicamente limitada, haja o início da mudança. Cabe a nós, cidadãos, manifestar indignação diante do exposto. Cabe às autoridades competentes o dever de colocar em prática o que já está estabelecido em lei. Manifesto indignação como profissional da reabilitação que convive com os traumas de pessoas constrangidas diariamente pelas situações supracitadas e por tantas outras, ainda mais graves.

 

* Drª Leila Lessa é fisioterapeuta generalista formada pela Universidade Estácio (Faculdade de Alagoas – FAL), pós-graduada em Docência do Ensino Superior pela Universidade Paulista (UNIP/São Paulo), especializando em Acupuntura – Medicina Tradicional Chinesa, e colunista do portal NaPolítica. Contato: leilalessa@gmail.com

19/10/14 | 22:38h

A lombalgia representa uma das principais queixas de quem procura os ambulatórios de fisioterapia de todo o mundo. De acordo com o 1° Consenso Brasileiro Sobre Lombalgias e Lombociatalgias, as dores lombares atingem cerca de 80% das pessoas em algum momento da vida, além de sobrecarregar a previdência social e o sistema público de saúde.

Diariamente, e de forma progressiva, é possível encontrar pacientes que deixam de realizar suas atividades, desde as mais simples da vida diária até as trabalhistas devido às limitações funcionais que essas dores produzem. O diagnóstico da lombalgia se baseia, de forma geral, nos sintomas e sinais do paciente em questão. Apesar de ser um problema tão constante, seu estudo aprofundado ainda é um grande desafio tendo em vista a difícil associação de seus fatores causadores.

Dentre os fatores que desencadeiam e tornam a dor lombar crônica estão: a obesidade, o tabagismo, a rotina em atividades que exijam grandes esforços, os hábitos posturais, além do fator genético. Analisando os fatores que tornam a dor lombar crônica, podem ser encontrados vários problemas de saúde pública que, se combatidos através de programas preventivos, diminuem o alto índice de afastamento laboral, por exemplo. Entretanto, o estabelecimento de atividades de combate à instauração de síndromes como a lombalgia ainda é uma problemática para a Saúde Pública.

Cita-se o caso, por exemplo, de várias empresas que tem a alta produtividade como principal foco e que acabam sobrecarregando seus funcionários com atividades que exigem um esforço exagerado da musculatura lombar sem oferecer pausas regulares. Outro grande problema de saúde pública e que também é um agravante da dor lombar é a obesidade. A distensão abdominal encontrada em obesos produz efeitos extremante indesejáveis em pacientes que apresentam lombalgia: a dor torna-se crônica e o tratamento torna-se cada vez mais complexo.

Quando se fala em maus hábitos, convém lembrar a necessidade da adoção de medidas simples no dia a dia, mas que auxiliam na diminuição das lombalgias. A redução de peso transportado nas bolsas e mochilas, um local de trabalho adequado e atividade física voltada para o alongamento e fortalecimento muscular orientada por profissional atuam como excelentes meios de prevenção da lombalgia em todas as idades.

A lombalgia constitui um sério problema de saúde pública que, vista apenas como uma queixa de rotina, não é entendida pela maioria da população e alguns profissionais como um caso a ser combatido desde a raiz. É necessária a propagação de medidas de prevenção assim como as feitas com outras doenças de grande conhecimento de todo o mundo. Uma grande colaboração para o tratamento das lombalgias foi o programa criado na década de 70, na Suécia, e que recebeu o nome de “Back School” ou Escola da Coluna que mais tarde foi difundida pelo mundo. No Brasil, esse programa foi organizado e desenvolvido com excelência pela Divisão de Medicina da Reabilitação do Hospital das Clínicas de São Paulo FMUSP.

A lombalgia possui seus efeitos reduzidos nos vários programas de reabilitação, que deveriam ser aplicados não somente com os sintomas já instaurados, mas de forma primária, como o programa “Back School” supracitado, que se baseava em informações, aconselhamentos e treinamentos. Afinal, prevenir ainda é o melhor remédio.  

Drª Leila Lessa é fisioterapeuta generalista formada pela Universidade Estácio (Faculdade de Alagoas – FAL), pós-graduada em Docência do Ensino Superior pela Universidade Paulista (UNIP/São Paulo), especializando em Acupuntura – Medicina Tradicional Chinesa, e colunista do Portal Na Política.

 

Email: leilalessa@gmail.com

29/04/13 | 13:33h

Parafraseando o filósofo Jean Jacques Rousseau, eu digo que: o SUS é bom, a gestão é que o corrompe. O SUS, criado em 1988 e aprovado pela Constituição Federal como sendo a solução para a problemática da atenção à saúde universal, está sendo agredido. Os serviços de saúde oferecidos pelo sistema estão, de forma acelerada, tendendo ao caos.

 

A saúde é direito de todos e dever do Estado, como prega a Constituição Federal. Sem saúde não há disposição, não há trabalho, não há produção. Sem saúde, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de um país entra em declínio e seu ‘status’ cai na escala mundial. É conhecido que a cada dia o exorbitante número de pessoas doentes dá início à falta de controle sobre os atendimentos hospitalar e ambulatorial, sobre a distribuição de medicamentos, reduzindo a qualidade do serviço, que entra em falência.

 

Vamos, agora, falar sobre o marco na saúde pública brasileira, que foi a criação do grande SUS: o sistema que clama por resgate.

 

Considero o SUS um dos maiores orgulhos do povo brasileiro. Pelo menos é como deveria ser tratado. O SUS foi criado para satisfazer a população, para atender a sociedade em todas as etapas, desde a preventiva até a reabilitação, quando o processo de doença já tem se instalado. O sistema foi instaurado com o objetivo de ser o apoio do povo que necessita de atendimento público em saúde com qualidade, ou seja, com eficiência. Sem filas, com respeito e cuidado. O SUS é de todos e para todos. E assim, com princípios norteadores, o SUS foi criado e vem, de forma desorganizada, sendo “oferecido” ao povo.

 

Vamos, agora, desenvolver o que foi dito no segundo parágrafo. Quando falo em crescente número de pacientes, não ignoro o fato da instalação da doença. E sim, quero relevar a importância de se prevenir. Prevenir custa pouco e não engorda a indústria farmacêutica. Prevenir, como diz o ditado antigo, porém muito sábio: é melhor que remediar. A sociedade quer ênfase nas campanhas que educam, que ensinam a cuidar da saúde como algo precioso que, se perdido, pode demorar a ser recuperado. É necessário mobilizar a população, investir com vontade, ir às ruas e ensinar o povo a se cuidar. Enquanto isto não é feito, a dengue mata, a AIDS torna-se avassaladora e tantas outras se instalam e encharcam os setores de saúde.

 

Apesar de considerar a atenção primária à saúde o principal meio para se chegar ao SUS projetado, não há como fugir repentinamente da realidade: quando se fala em saúde pública brasileira, várias imagens surgem em nossa mente, como a do telejornal noticiando as quilométricas filas nas UBS´s (Unidades Básicas de Saúde), o desgaste das famílias que lutam e sofrem com a falta de leito nas enfermarias, a da indústria farmacêutica que inova em pesquisas e formulação de novos medicamentos contra doenças letais, lembramos também dos corredores dos hospitais repletos de pacientes que agonizam sem atendimento, geralmente no chão, sem dignidade. Além disso, a longa espera dos pacientes que aguardam a autorização de exames complementares para fins diagnósticos é uma das maiores reclamações existentes. As imagens são angustiantes e, muitas vezes chocam, mas traduzem o atual cenário da saúde pública no Brasil. E assim o SUS vai se transformando no mais temido dos sistemas. Para o paciente, é humilhante pagar pelo sistema (que de público nada tem) e sofrer a humilhação de um atendimento desqualificado, sem humanização. E por citar a palavra, digo que é humanamente impossível tratar o paciente com dignidade quando não se tem o mínimo recurso material para isto, por maior intenção que se tenha em agir com ética e respeito ao que procura auxílio.

 

Quando se fala em reabilitação física, convivemos com os transtornos sociais que envolvem as pessoas que, por qualquer motivo, tiveram sua locomoção ou qualquer tipo de movimento limitado. No âmbito trabalhista, nota-se o transtorno do empregador que tem seus funcionários afastados do trabalho, pois não suportam realizar sua atividade sem os típicos “picos de dor” que as lesões por esforço repetitivo provocam. As histórias formam praticamente um ciclo que só tende a aumentar. As longas filas parecem não ter fim e a angústia do povo na espera por atendimento também. Voltamos, então, ao ciclo. Então lembramos da prevenção, citada no início do texto.

 

Convém lembrar que do SUS nasceram políticas de saúde, como a Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência e a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Mas, é impressionante como até hoje ainda se foge da acessibilidade e o acesso do povo indígena aos serviços de saúde ainda é extremamente precário. E o que falar da aprovação do ‘Pacto Pela Vida’? O que falar da proposta de humanizar? Infelizmente o que se vê é o avesso, em todos os setores: morte programada nas UTI´S, onde a humanização se desfaz e o ‘tanto faz’ é levado ao paciente terminal. O pacto, agora, é de morte.

 

E a culpa? A culpa sempre acaba sobre o SUS. Mas, por que o SUS? A população deve entender que o sistema, no papel, é brilhante. O projeto SUS é humano, atende a todos de forma igualitária, em tempo hábil, prevenindo a morte e promovendo cada vez mais a vida. O problema, na minha visão, se concentra nas falhas orçamentárias, na difusão de pessoas sem responsabilidade ou experiência suficiente para lidar com o assunto. Aos gestores, cabe o dever de se inclinar sobre a saúde com mais força e entender que a saúde ainda move as pessoas. É preciso entender que o processo de doença, seja ela qual for, degrada de forma espantosa a imagem de uma sociedade.

 

É lamentável, mas a saúde, de uma forma geral, anda a passos lentos e tem se tornado cada vez mais uma das principais preocupações dos gestores em todos os governos, em todas as esferas. Não se realiza campanha pré-eleitoral sem falar em saúde. Como citado, não se vive sem saúde. Certamente pela complexidade que envolve a vida, talvez pela ignorância em não saber estabelecer prioridades na questão ou não abrir os olhos para o campo primário, ainda não se chegou ao patamar estabelecido pelas leis orgânicas que norteiam o grande SUS. Aguardemos, então, de forma esperançosa, o dia em que haverá universalidade, equidade e integralidade da atenção à saúde. E que as gestões se energizem a favor.

 

Drª Leila Lessa é fisioterapeuta generalista formada pela Universidade Estácio (Faculdade de Alagoas – FAL), pós-graduada em Docência do Ensino Superior pela Universidade Paulista (UNIP/São Paulo), especializando em Acupuntura – Medicina Tradicional Chinesa, e colunista/colaboradora do Caju News. Email: leilalessa@gmail.com.

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24-04-2024
 

 

 

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