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18/01/10 | 15:22h (BSB)

O Brasil: E depois de Lula?

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Foto: Divulgação

No ano de 2005, em uma das capacitações sobre sistema eleitoral e votação na América latina, realizada em Caracas, um dos especialistas, comentava que o Brasil conta com um dos sistemas de votação mais modernos em nível mundial. Uma colega do Canadá surpreendida, disse-lhe: "mais moderno que o do Canadá?". O especialista lhe respondeu que sim. E não é para menos, o Brasil há mais de uma década usa urnas eletrônicas que facilitam o voto e os escrutínios, além disso, para a população brasileira não se trata de uma novidade porque a maioria se sente familiarizada com esse sistema.

 

A novidade para as eleições presidenciais deste ano é que pelo menos quatro milhões de eleitores poderão ser identificados digitalmente. Poderia considerar-se uma quantidade pouco significativa se existem 130 milhões de cidadãos aptos para votar. Mas de acordo com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre seis a oitos anos no Brasil serão realizadas as primeiras eleições totalmente biométricas.

 

Nas presidenciais deste ano, o Brasil não somente demonstrará que tem um dos sistemas de votação mais seguros, mas, além disso, pela primeira vez um país latino-americano pode dizer que dentro de seus temas de campanha eleitoral desaparecerão preocupações como a dívida externa e a intervenção de Fundo Monetário Internacional. Os debates centrarão na mudança climática, a exploração de hidrocarbonetos - é mais abrangente nas reservas da plataforma marítima, criação de empregos e violência social. Outro tema importante é a incorporação à Alternativa Bolivarina para as Américas, ALBA.

 

Luiz Inácio Lula da Silva, ex - sindicalista, possivelmente há 31 anos quando fundou o Partido dos Trabalhadores PT, nunca chegou a imaginar que se transformaria em um dos presidentes mais reconhecidos em nível internacional. Possivelmente um dos pontos de partida que transformaram o Brasil em um país confiável e motor de desenvolvimento foi o pragmatismo de seu presidente, em sua Carta ao povo brasileiro do ano 2002, na qual se comprometia, caso fosse eleito, em manter a política neoliberal iniciada por Fernando Henrique Cardoso. Oferecia garantias jurídicas e políticas sobre a propriedade privada, a liberdade de expressão e a defesa às instituições democráticas - algo que cumpriu até a atualidade.

 

Para isso deve haver a soma das políticas de responsabilidade fiscal - nos diferentes níveis que vão desde o governo municipal, o regional e o federal - com a existência de uma classe empresarial comprometida e integrada nos circuitos mercantis e financeiros internacionais, investindo mesmo na inovação tecnológica e construindo novas oportunidades de negócios.

 

Alguns detratores de Lula da Silva, afirmam que o que o país alcançou até hoje não é por ele, tudo foi graças a Fernando Henrique Cardoso, Lula somente veio dar continuidade às políticas iniciadas pelo antigo presidente. Além disso, Lula foi criticado pelo apoio que prestou ao presidente do Senado José Sarney, depois de ter sido acusado por corrupção. Aparentemente é uma questão de intercâmbio de favores, porque o partido de Sarney, Partido do Movimento Democrático Brasileiro, PMDB, servirá de plataforma para apoiar à candidata do partido de Lula nestas eleições - Dilma Rousseff.

 

Possivelmente os dias mais difíceis para Lula serão os que estão por chegar, depois de ter apresentado o Programa Nacional de Direitos Humanos, as críticas a seu governo começam fazer a maçã da discórdia. Considera-se que o dito Programa é completamente diferente ao que apresentou no ano 2002, o que lhe permitiu chegar à presidência. O novo programa segue as linhas da ALBA, entre outros pontos, o texto coloca a possibilidade de uma - democratização da propriedade - algo que a classe empresarial desse país associou com as políticas de Chávez sobre propriedade social.

 

Por outro lado, está previsto retirar a concessão às empresas de rádio e televisão que não sigam as diretrizes oficiais do Governo em matéria de Direitos Humanos. Um tema que tanto os cubanos, venezuelanos e nicaraguenses, vivem e conhecem muito bem.

 

Que podemos esperar dos atuais candidatos à presidência 2010? É bastante prematuro para fazer alguns prognósticos para o futuro, porque até o mês de março ou abril se terá a lista oficial de candidatos, mas, no entanto, já apareceram alguns nomes que se perfilam como os sucessores de Lula.

 

Marina Silva, do Partido Verde (PV), ambientalista e historiadora, ex-ministra do meio ambiente. Seus atrativos mais fortes: sua própria história de vida, de família pobre, trabalhou como doméstica, foi analfabeta até os 14 anos. Amiga e colega do líder ambientalista Chico Mendes. Crítica das políticas governamentais frente aos fazendeiros brasileiros as quais considera inflexível e de benefício para as elites.

 

Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT) - candidata de Lula - Economista e política, ministra da Casa Civil desde 2005 à atualidade. Lula vem apostando desde o princípio nela.

 

José Serra, Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), político de ideologia social democrata. No ano 2002, perdeu as presidenciais no segundo turno frente a Lula. Crítico da esquerda radical, especialmente do papel que desenvolve Hugo Chávez.

 

Como conclusão, sem dúvida alguma os brasileiros podem, por enquanto, estar tranquilos com seu sistema eleitoral e de votação, mas surgem algumas dúvidas, com o próximo governo. Será que o Brasil continuará com a atual liderança em nível latino-americano? O próximo presidente iniciará o Programa de Direitos Humanos proposto recentemente por Lula?

 

Fran Espinoza é Politologo, graduado na Universidade Rafael Landivar (Guatemala), Mestrado em Estudos Internacionais de Paz, Conflito e Desenvolvimento, Universidade Jaume I, Castellón (Espanya), doutorando em Estudos Internacionais e Interculturais, Universidade de Deusto, Vizcaya, Espanha. Contatos: espinoza.fran@gmail.com

*Os textos publicados neste espaço são de responsabilidade única de seus autores.



20-04-2024
 

 

 

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