Seguem as discussões para tentar resolver o problema gerado pelo fechamento de vários matadouros públicos em Sergipe. Uma nova etapa poderá ser dada na tarde desta quarta-feira, 20, onde uma comissão formada por deputados estaduais participará de uma reunião no Ministério Público Estadual com o objetivo de iniciar um diálogo para tratar deste tema.
O encontro foi agendado após uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa na manhã da terça-feira, 19. Marchantes, fateiras e donos de bancas em vários municípios lotaram as galerias da Alese. Alguns deles mostraram descontentamento com a grave situação enfrentada após a interdição dos abatedouros públicos. Hoje, somente dois deles se encontram funcionando em todo o Estado.
Este cenário tem levado dificuldades para esses trabalhadores, que estão encontram empecilhos para tirar o próprio sustento. Nadécio Célio dos Santos, marchante da cidade de Capela, relatou essa situação. “O prejuízo tem sido muito grande. Eu costumo trabalhar em quatro feiras, mas na última semana não consegui trabalhar em feira nenhuma”, lamentou.
“Estou me mantendo com o mínimo possível. Se for passar mais tempo não terei condição, pois dependo do abate de boi para sobreviver”, relatou Nadécio. O marchante expôs ainda as dificuldades para fazer o abate em um dos poucos frigoríficos particulares disponíveis no Estado. “Lá só consegue quem é criador grande. Os pequenos que precisam abater não conseguem, pois já está lotado”, garantiu.
Além de quem trabalha diretamente no processo de abate, a interdição tem afetado também os feirantes e donos de bancas, que sentem no dia-a-dia a falta de produto para a venda. O presidente da Associação dos Feirantes de Aracaju, Etevaldo Teles, afirmou que o reflexo é percebido em todas as feiras. “No último final de semana, nas 33 feiras da Capital, a queda na quantidade de marchantes trabalhando foi grande”, assegurou.
“Somente cerca de 5% dos marchantes trabalharam nestas feiras. Por isso que entendemos importância da mobilização para chamar a atenção dos órgãos públicos para rever essa questão. Por que é algo que pode deixar diversos pais de família desempregados. Como é que vamos sobreviver? É uma questão que é preciso parar e refletir”, apelou Etevaldo.
Autor do requerimento para a realização da audiência pública, o deputado estadual Georgeo Passos, Rede, disse que o debate serviu para entender melhor o lado dos trabalhadores. Agora, a missão será dialogar com os órgãos competentes para encontrar soluções que possibilitem a reativação dos abatedouros públicos. “Temos que ouvir os dois lados”, afirmou.
“Foi muito importante poder ouvir o ponto de vista dos marchantes, das fateiras e também dos donos de bancas. A Assembleia é a Casa do Povo e nós demos voz ao clamor dessas pessoas que estão passando por um momento difícil. Agora, nosso papel é levar essas reivindicações e tentar um entendimento com os órgãos competentes para que a gente possa resolver esse problema e reabrir os matadouros”, analisou Georgeo.
Por Daniel Almeida Soares
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