*Por Bertulino Menezes

Eu estou impressionado!!! Não é com as manifestações que tomam o país inteiro, porque esse jeito de ser brasileiro já nos acompanha em todas as fases da nossa história. E o fizemos sob a batuta dos diversos tempos: dos tempos de ditadura, dos tempos de democracia. Portanto, é nosso constitutivo. Ficamos nas “moitas” e quando chega a gota d´água, transbordamos para as ruas. É assim que agimos. Assim sendo, não são as manifestações que me impressionam.

O que me impressiona é o total descompasso das pessoas eleitas pelo voto popular para exercer os mandatos executivos e legislativos nas esferas federal, estadual e municipal. Como é possível tamanha distância?! Como é possível o descaso generalizado pelos anseios brasileiros de justiça, de segurança, de honestidade, de transparência, de cuidado com os serviços públicos?! Não, não se restringe a um partido político, a uma esfera específica do poder. Refere-se a uma turba inteira de quem se espera o compromisso com a coisa pública. Meu Deus! Não é o Brasil que tem que acordar porque ele sempre esteve acordado aguardando o momento certo para emitir seus sons. É essa turba que precisa sair da posição umbilical e escutar aqueles que os elegeram.

Por outro lado, quem elegemos?! Decididamente, ainda não aprendemos a exercer o nosso direito de escolha porque determinadas eleições são inconcebíveis e, repito, independe da sigla partidária, da esfera do poder, da região, do estado ou do município. Não é substituindo siglas que construiremos o Brasil dos nossos sonhos. É transformando a nossa concepção do direito de escolha em função do bem comum e não das benesses pessoais.

Será que aprenderemos a lição ou continuaremos a trocar nosso voto por uma promessa de emprego, por uma cesta básica, por uma vaga em determinada escola, por um trabalho temporário, por uma prótese dentária, por uma receita médica despachada na farmácia da esquina, por um milheiro de tijolos, por um carro pipa, por uma cirurgia de laqueadura...?!

Espero, sinceramente, que aprendamos a separar o joio do trigo e optar pela melhor parte, não de forma singular, mas na direção do coletivo.

Bertulino Menezes é jornalista, ex-vereador de Aracaju pelo PSB e funcionário público, segundo ele, mal remunerado.

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